RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi cancelado o penúltimo debate televisivo que os presidenciáveis teriam antes do primeiro turno das eleições deste ano. Em nota divulgada no final da tarde de ontem, o SBT comunicou "o encerramento das tratativas" para a realização do encontro, no próximo dia 15, entre os quatro principais candidatos e o apresentador Silvio Santos, dono da emissora.
"Embora tivesse sido buscado exaustivamente um mecanismo que impedisse o afloramento de embates pessoais, não foi possível encontrar solução", diz o texto.
A Folha apurou, junto a assessores dos três candidatos de oposição, que um dos "mecanismos" propostos foi o veto a críticas ao governo federal e ao presidente Fernando Henrique Cardoso. A regra foi rejeitada, o que teria determinado o fim das negociações.
Já assessores do candidato do governo, José Serra, dizem que a eles não foi feita tal proposta. Apenas receberam do SBT a informação do cancelamento.
A nota divulgada à imprensa afirma que o objetivo da emissora era "buscar uma reunião entre os candidatos, com participação dos telespectadores, em que fosse privilegiada a exposição de propostas, evitando-se o confronto direto, que resulta em discussões improdutivas e não raramente ofensivas à dignidade pessoal".
É sabido, dentro e fora do SBT, que Silvio Santo nunca pretendeu realizar propriamente um debate. Queria ter os presidenciáveis reunidos em um programa -como fez com outros políticos, no final do ano passado, em um especial do "Show do Milhão". Mas sem risco de confronto entre os participantes ou de desgaste nas relações entre a emissora e o governo.
Já havia sido acordado que não ocorreriam perguntas entre os candidatos, à diferença do observado nos debates da Bandeirantes e da Record. Segundo a Folha apurou, o receio do SBT cresceu após o evento na Record, no qual houve troca áspera de acusações entre Serra e Ciro Gomes, além de sucessivas críticas ao governo.
Também os candidatos consideravam o encontro do SBT de "alto risco", mas por outra razão: Silvio Santos havia optado por perguntas telefônicas de telespectadores, o que, na opinião das campanhas, poderia dar margem a manipulações. Resta agora o debate de primeiro turno da Rede Globo, no dia 3 de outubro.