São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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DISTRITO FEDERAL

85 equipamentos foram encontrados nos últimos dias e vão passar por perícia; inquérito apura origem do material

Urnas suspeitas são apreendidas pela PF

Márcia Gouthier/Folha Imagem
O procurador do TRE, Antonio Carneiro Sobrinho, observa peças de 80 urnas eletrônicas apreendidas, em prédio da Polícia Federal


FERNANDA NARDELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal apreendeu nos últimos dias 85 urnas eletrônicas suspeitas no Distrito Federal. Cerca de 80 foram apreendidas ontem e estavam desmontadas. Outras cinco urnas estavam completas e estariam sendo utilizadas para ensinar eleitores a votar.
Na urnas montadas, que não são do Tribunal Superior Eleitoral, os votos registrados pela simulação eram para o presidenciável José Serra (PSDB), para Joaquim Roriz (PMDB-DF), candidato a governador, e para os candidatos ao Senado Paulo Octávio (PFL) e Jofran Frejat (PSDB).
Com uma delas, havia cartazes e "santinhos" da Coligação Frente Brasília Solidária (PMDB-PSDB-PFL-PST-PSD-PRT-PSL), que diziam "Vote sem medo de errar" e mostravam os nomes e números dos candidatos.
Para o procurador do Tribunal Regional Eleitoral no DF Antônio Carneiro Sobrinho, o registro dos votos nessas urnas e o material apreendido são um indício de envolvimento dos candidatos.
A assessoria da campanha de Roriz disse que não tem conhecimento do fato, não autorizou o uso de urnas e quer que os responsáveis sejam punidos.
Pela legislação, é proibido fabricar, adquirir ou fornecer, subtrair ou guardar urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral. A pena é de um a três anos de reclusão.
Os partidos podem ensinar os eleitores a votar, mas não podem usar urnas com os nomes de candidatos. O TSE utiliza, em seus simuladores, nomes como Vinícius de Moraes e Machado de Assis.

Perícia
As urnas apreendidas ontem estavam incompletas -havia monitores e peças internas separadas. Os equipamentos vão passar por perícia na PF, que abriu inquérito para apurar a origem do material. O procurador do TRE disse que o inquérito deve ser concluído em 15 dias. Se comprovado o envolvimento de candidatos, eles podem ter suas candidaturas ou mandatos -caso já estejam eleitos- cassados.
O material apreendido ontem foi encontrado na segunda no Parque Nacional de Brasília, próximo à divisa com um lixão. A administração do parque o encaminhou à 3ª Delegacia de Polícia, mas o delegado Luiz Andriano Guerra Pouso o teria devolvido, alegando ser "sucata de informática". Na delegacia, não há registro de ocorrência.
O delegado foi procurado pela Folha, mas não foi encontrado, pois estaria viajando.

Colaboraram IURI DANTAS e SÍLVIA FREIRE, da Sucursal de Brasília



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