São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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SÃO PAULO

Candidato petebista faz líderes trocarem ataques

Racha no PTB amplia o tom das acusações entre Maluf e Alckmin

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

O racha no diretório paulista do PTB, envolvendo o seu candidato ao governo do Estado, Antonio Cabrera, e o vice-presidente nacional da sigla, Campos Machado, elevou o grau de acusações e acirrou ainda mais a disputa entre Paulo Maluf (PPB) e Geraldo Alckmin (PSDB), líderes nas pesquisas de intenção de voto.
Em meio ao conflito petebista, a assessoria de Alckmin acusou Maluf de estar fazendo uma "parceria" com Cabrera para criticá-lo. A coordenação de Maluf desafiou o tucano a provar a suposta aliança na Justiça Eleitoral.
A crise no PTB paulista veio a público anteontem, quando Machado disse que pretende expulsar Cabrera por causa de sua insistência em atacar o candidato tucano nos debates e na TV.
"Ele [Cabrera] é um candidato que eu me arrependo de ter ressuscitado. É uma múmia que depois da eleição vai voltar para o sarcófago", disse Machado.
Para Cabrera, a indignação de Machado tem outra motivação. "O governador está usando a caneta para comprar, por meio de cargos, uma parte minoritária do PTB. Eu não sou laranja e banana. Aonde tiver erros, eu vou apontá-los. Isso não é São Paulo de cara limpa [slogan de Alckmin], mas, sim, São Paulo de cara suja."

Endereço certo
A crítica de Cabrera tem endereço certo. O grupo político de Machado controla a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo) e dá sustentação a Alckmin na Assembléia Legislativa.
Por ter sido impedido de se coligar com o partido do governador por conta da verticalização, uma das preocupações do PPB é que os ataques de Cabrera beneficiem Maluf e José Genoino (PT).
Cabrera disse ainda que tem colaborado ao máximo na campanha de Ciro Gomes. PTB, PDT e PPS formam a Frente Trabalhista. "É impossível o partido fazer campanha ao mesmo tempo para Alckmin e Ciro. Essa política do conchavo não existe. Não há como maneirar nas críticas."
A assessoria da candidatura de Alckmin rebateu na mesma moeda as acusações de Cabrera. Mas o alvo foi Maluf. Segundo a assessoria, Cabrera é que tem de justificar um outro tipo de subvenção por seus programas eleitorais na TV terem uma identidade muito grande com a do pepebista. "As semelhanças vão desde os textos até as cores azul e vermelho do cenário", informou a assessoria.
Adilson Laranjeira, assessor de Maluf, declarou que o governador Geraldo Alckmin está desesperado com a segunda colocação nas pesquisas e por isso está "inventando coisas". "Se ele tem provas do que disse, o que é impossível, por que ele não as leva à Justiça Eleitoral e pede investigações?"



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