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RIO
Para especialista, operação fere LRF
Benedita terá R$ 300 mi em royalties antecipados
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
A 30 dias das eleições, a governadora Benedita da Silva (PT)
conseguiu aprovar ontem, na Assembléia Legislativa, uma lei que,
na prática, antecipa para este mês
o recebimento de R$ 300 milhões
em royalties da Petrobras -dinheiro que a empresa paga ao Estado pela produção de petróleo-
previstos para serem pagos em
novembro e dezembro.
Sem o dinheiro, diz o líder do
PT na Assembléia, deputado Chico Alencar, não seria possível
"honrar a folha de pagamento"
dos funcionários públicos neste
mês, por causa de supostas dificuldades financeiras herdadas do
governo de Anthony Garotinho,
candidato à Presidência pelo PSB.
A antecipação de receita, segundo o advogado Márcio Pestana,
especialista em direito tributário,
fere a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que proíbe esse tipo
de operação durante o último ano
de mandato.
Pela lei aprovada ontem, com
apenas dois votos contrários, do
total de 52 deputados presentes, o
governo fica autorizado a fazer
uma operação financeira em que
transfere a um banco o direito de
receber os royalties nos dois últimos meses do ano, em troca do
adiantamento do dinheiro.
Esse tipo de operação financeira
não é citado no artigo da LRF que
define as operações de crédito para antecipação de receita.
"Essa definição da lei não é literal, taxativa, em que só vale o que
está escrito. [O que foi feito] é sim
uma operação de crédito para antecipação de receita, o que está
proibido pela lei", disse Pestana.
Para o tributarista Zanon de
Paula Barros, a lei "desrespeita o
espírito" da LRF, mas não "a letra
da lei". "É uma forma de contornar a lei para garantir antecipação
de recursos, em prejuízo do próximo governo."
O deputado Eduardo Cunha
(PPB), que se opôs à lei, disse que
o governo e os deputados "não
quiseram ter o desgaste político
de atrasar o pagamento do funcionalismo".
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