UOL

São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FORÇAS ARMADAS

Viegas estima que, para tocar projetos prioritários, militares precisariam de R$ 3 bi a mais do que o previsto

Ministro da Defesa afirma que seu orçamento "não dá"

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Defesa, José Viegas, afirmou ontem que o orçamento das Forças Armadas para 2004 ""não dá": ""O orçamento é exíguo, e vamos trabalhar para melhorar. Com R$ 4,1 bilhões, é muito difícil, quase impossível. Não dá", disse ele, citando a previsão de verba para custeio e investimento do seu ministério para o ano que vem.
Ao anunciar o Orçamento da União aos ministros, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não queria reclamações. Cauteloso, Viegas ressalva que o Orçamento "reflete a situação difícil que o Brasil enfrenta", mas afirma que tem de ser trabalhado para manter ""o padrão de excelência de atuação das Forças Armadas".
O ministro da Defesa estima em R$ 7 bilhões o valor necessário para tocar pelo menos os projetos prioritários dos militares.
O principal é a criação de uma Brigada de Forças de Ação Rápida em Goiânia. Estrategicamente localizada no centro do Brasil, em teoria essa força poderia se deslocar rapidamente para intervir em todas as regiões do país.
Com um contingente de 2.500 a 3.000 homens, essa força se inspira no conceito de intervenção com menos equipamento pesado e maior investimento na capacidade logística e tecnológica.
O modelo é preconizado pela doutrina militar de Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos EUA, e adotado também por países europeus.
O custo estimado de implantação é de R$ 300 milhões, segundo Viegas. Os homens deverão vir principalmente do Rio. Deverá haver uso intensivo de helicópteros e aviões de transporte, em cooperação com a Força Aérea -que mantém sua principal base em Anápolis, perto de Goiânia.
Outro projeto prioritário é a sequência de construção do submarino a diesel da classe Tupi, da Marinha, uma versão nacionalizada do modelo alemão Tipo-209.
Além disso, a Marinha trabalha no aprimoramento das fragatas da classe Niterói.
Viegas também quer dinheiro para tentar manter as Forças Armadas minimamente operacionais. O ministro estima que 50% dos carros de combate, aviões e embarcações estejam indisponíveis por falta de manutenção.

Compra de aviões
Conforme a Folha apurou, Viegas apresentou a Lula na quinta-feira as duas propostas para a compra de um novo avião presidencial. Como a brasileira Embraer não produz jatos de grande alcance, as opções são a Boeing e a Airbus -que apresentou a oferta considerada mais interessante.
Viegas, porém, não quis falar sobre o assunto: "O dinheiro não vai sair daqui [da Defesa]", justificou -o avião custará cerca de US$ 50 milhões. A Força Aérea espera para o começo de 2004 a solução para a novela da compra de sua nova frota de aviões de caça por US$ 750 milhões.
Os cinco consórcios que oferecem aparelhos para substituir os atuais Mirage deverão apresentar suas novas propostas em outubro. Como não envolve recursos orçamentários, e sim financiamentos internacionais, não está na conta do ministro da Defesa por mais dinheiro.


Texto Anterior: Partidos disputam a vaga de relator
Próximo Texto: Frase
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.