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FORÇAS ARMADAS
Viegas estima que, para tocar projetos prioritários, militares precisariam de R$ 3 bi a mais do que o previsto
Ministro da Defesa afirma que seu orçamento "não dá"
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, José Viegas, afirmou ontem que o orçamento das Forças Armadas para
2004 ""não dá": ""O orçamento é
exíguo, e vamos trabalhar para
melhorar. Com R$ 4,1 bilhões, é
muito difícil, quase impossível.
Não dá", disse ele, citando a previsão de verba para custeio e investimento do seu ministério para o
ano que vem.
Ao anunciar o Orçamento da
União aos ministros, na semana
passada, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse que não queria
reclamações. Cauteloso, Viegas
ressalva que o Orçamento "reflete
a situação difícil que o Brasil enfrenta", mas afirma que tem de
ser trabalhado para manter ""o padrão de excelência de atuação das
Forças Armadas".
O ministro da Defesa estima em
R$ 7 bilhões o valor necessário para tocar pelo menos os projetos
prioritários dos militares.
O principal é a criação de uma
Brigada de Forças de Ação Rápida
em Goiânia. Estrategicamente localizada no centro do Brasil, em
teoria essa força poderia se deslocar rapidamente para intervir em
todas as regiões do país.
Com um contingente de 2.500 a
3.000 homens, essa força se inspira no conceito de intervenção
com menos equipamento pesado
e maior investimento na capacidade logística e tecnológica.
O modelo é preconizado pela
doutrina militar de Donald
Rumsfeld, secretário de Defesa
dos EUA, e adotado também por
países europeus.
O custo estimado de implantação é de R$ 300 milhões, segundo
Viegas. Os homens deverão vir
principalmente do Rio. Deverá
haver uso intensivo de helicópteros e aviões de transporte, em
cooperação com a Força Aérea
-que mantém sua principal base
em Anápolis, perto de Goiânia.
Outro projeto prioritário é a sequência de construção do submarino a diesel da classe Tupi, da
Marinha, uma versão nacionalizada do modelo alemão Tipo-209.
Além disso, a Marinha trabalha
no aprimoramento das fragatas
da classe Niterói.
Viegas também quer dinheiro
para tentar manter as Forças Armadas minimamente operacionais. O ministro estima que 50%
dos carros de combate, aviões e
embarcações estejam indisponíveis por falta de manutenção.
Compra de aviões
Conforme a Folha apurou, Viegas apresentou a Lula na quinta-feira as duas propostas para a
compra de um novo avião presidencial. Como a brasileira Embraer não produz jatos de grande
alcance, as opções são a Boeing e a
Airbus -que apresentou a oferta
considerada mais interessante.
Viegas, porém, não quis falar
sobre o assunto: "O dinheiro não
vai sair daqui [da Defesa]", justificou -o avião custará cerca de
US$ 50 milhões. A Força Aérea espera para o começo de 2004 a solução para a novela da compra de
sua nova frota de aviões de caça
por US$ 750 milhões.
Os cinco consórcios que oferecem aparelhos para substituir os
atuais Mirage deverão apresentar
suas novas propostas em outubro. Como não envolve recursos
orçamentários, e sim financiamentos internacionais, não está
na conta do ministro da Defesa
por mais dinheiro.
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