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APARELHAMENTO
Para ex-senador, indicações são "política" do atual governo e não são de responsabilidade do ministro da Saúde
Planalto "orienta" nomeação política, diz Serra
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-senador José Serra (PSDB)
criticou ontem as nomeações políticas feitas na área da saúde e
afirmou que as indicações fazem
parte de uma "orientação", de
uma "política de governo".
"Quem elege essas coisas é o governo, não é o ministro. É o governo que pede: "Olha, tem de fazer
isso, tem de fazer aquilo". Nenhum ministro gosta disso. O
problema é quando se trata de
uma política", afirmou o ex-ministro da Saúde durante o governo do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Serra afirmou ainda que, enquanto ocupou o Ministério da
Saúde, entre 1998 e 2002, "nunca"
recebeu nenhum tipo de pedido
da Presidência da República de
nomeação de determinada pessoa
para cargos na pasta.
"No meu caso particular, nunca, nunca, em nenhum momento,
veio do Palácio do Planalto um
pedido só que fosse para nomear
alguém em qualquer lugar da área
da saúde", afirmou o ex-ministro
em palestra sobre sua atuação no
ministério para mais de 200 pessoas, na Universidade Cruzeiro
do Sul, em São Paulo.
O tucano está aos poucos voltando para a cena política, desde
que perdeu a eleição do ano passado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e após ter lecionado, no primeiro semestre, no
Instituto de Estudos Avançados
da Universidade de Princeton,
nos Estados Unidos. O ex-senador tocou no assunto das nomeações ao comentar sua gestão na
pasta, quando disse "nunca fizemos [isso] no ministério".
Na semana passada, por exemplo, participou de encontro de
prefeitos do PSDB, e vem defendendo uma "oposição responsável" por parte dos parlamentares
da sigla. Ele é apontado como o
principal nome para suceder, no
final do ano, José Aníbal (SP) na
presidência da legenda.
Serra disse que, durante sua gestão, travou uma "batalha para eliminar as nomeações políticas da
Funasa (Fundação Nacional de
Saúde)". Esse seria um dos motivos das críticas às indicações feitas pelo governo do PT, explicou o
tucano depois da palestra.
Um dos indicativos das nomeações políticas feitas pelo governo
foi a demissão do diretor-executivo da Funasa Antônio Carlos de
Andrade, marido da deputada federal Maninha (PT-DF), em retaliação à decisão da parlamentar
de se abster da votação da reforma da Previdência.
O governo federal entregou
também 64,5% dos cargos de direção do Ministério da Saúde e
das instituições ligadas à pasta a
médicos e profissionais que têm
ligação com o PT.
A outra razão, disse Serra, é o fato de o ministro da Saúde, Humberto Costa, estar sendo apontado
como o responsável pelas nomeações políticas na pasta.
"O ministro Humberto Costa,
que conheço, é um homem público responsável. Não é o ministério
que resolve nomear e desnomear.
Essa é uma política de governo,
óbvio", disse o tucano.
Na opinião de Serra, o grande
problema das nomeações é que as
pessoas que vão para os cargos
passam a depender de quem as
indicou. "A dependência tem de
ser outra: com o serviço público",
afirmou o ex-ministro.
Focalização
Durante a palestra, de mais de
uma hora, o tucano defendeu a
universalização dos recursos destinados à Saúde. "A focalização
dos gastos públicos na área é mais
complicada. Precisa ser relativizada." Ele não comentou o texto da
reforma tributária aprovado, em
primeiro turno, na Câmara.
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