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CRIME ORGANIZADO
Dono de jornal de MT teria sido morto por "no mínimo" R$ 38 mil
Arcanjo ordenou morte, diz polícia
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O delegado Luciano Inácio da
Silva, do Grupo de Combate ao
Crime Organizado, apontou ontem o ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 52, como o mandante
do assassinato do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima
Júnior, 39, ocorrido em Cuiabá
(MT) em setembro de 2002.
Sávio Brandão era o dono do
jornal "Folha do Estado". Nos
meses que antecederam sua morte, o jornal publicou reportagens
sobre o crime organizado e, numa
delas, o "comendador" Arcanjo
foi chamado de "Al Capone de
Mato Grosso". Brandão foi morto
com sete tiros de pistola 9 mm.
Segundo a polícia, o motivo do
assassinato foram as reportagens.
Arcanjo é acusado de lavar dinheiro (pelo menos US$ 69,8 milhões), de ser o mandante de outros dois assassinatos, de comandar o crime organizado e de sonegar R$ 842 milhões da Receita Federal. Ele está preso desde abril
em Montevidéu, no Uruguai, por
uso de documento falso.
Em Mato Grosso, ele foi condenado em julho passado a sete anos
de prisão por porte ilegal de arma.
O Ministério da Justiça negocia
sua extradição com o Uruguai.
Segundo Silva, o assassinato de
Brandão foi encomendado por
"no mínimo" R$ 38 mil.
O cabo da PM Hércules de
Araújo Agostinho, 34, acertou, segundo testes de balística, os tiros
no empresário. Ele é acusado de
outros cinco assassinatos (dois teriam sido encomendados também por Arcanjo). Preso um dia
após a morte de Sávio Brandão,
fugiu do presídio Pascoal Ramos,
em Cuiabá, no dia 1º de maio passado. Superou cinco portões sem
ser incomodado por carcereiros.
Em seu relatório, o delegado
afirma que o assassinato de Sávio
Brandão envolve, além de Agostinho e Arcanjo, mais três pessoas:
1) o ex-cabo da PM Célio Alves
Barbosa, 38, também acusado de
ser pistoleiro de Arcanjo, que, segundo o delegado, vigiou os passos de Sávio Brandão para dar informações a Agostinho. Barbosa
está preso em Pascoal Ramos.
2) o vigia Fernando Barbosa Belo, que, segundo a polícia, pilotou
a moto da qual Agostinho fez disparos. Belo está foragido.
3) o "cobrador de dívidas" João
Leite, que está foragido e, segundo a polícia, contratou Agostinho
a pedido de Arcanjo para matar
Sávio Brandão. Leite tinha comprovante de que pagou R$ 38 mil
a Barbosa pela morte de Brandão.
Além dos telefonemas para a
VIP Factoring, que pertence a Arcanjo, Leite também ia à empresa
frequentemente, afirmou o delegado Silva. A polícia também se
baseia em depoimento do presidiário Paulo César Mota. Então
vizinho das celas de Agostinho e
Barbosa, ele diz ter ouvido os dois
comentarem que o "comendador" mandou matar Brandão.
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