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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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CRIME ORGANIZADO

Dono de jornal de MT teria sido morto por "no mínimo" R$ 38 mil

Arcanjo ordenou morte, diz polícia

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O delegado Luciano Inácio da Silva, do Grupo de Combate ao Crime Organizado, apontou ontem o ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 52, como o mandante do assassinato do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Júnior, 39, ocorrido em Cuiabá (MT) em setembro de 2002.
Sávio Brandão era o dono do jornal "Folha do Estado". Nos meses que antecederam sua morte, o jornal publicou reportagens sobre o crime organizado e, numa delas, o "comendador" Arcanjo foi chamado de "Al Capone de Mato Grosso". Brandão foi morto com sete tiros de pistola 9 mm.
Segundo a polícia, o motivo do assassinato foram as reportagens. Arcanjo é acusado de lavar dinheiro (pelo menos US$ 69,8 milhões), de ser o mandante de outros dois assassinatos, de comandar o crime organizado e de sonegar R$ 842 milhões da Receita Federal. Ele está preso desde abril em Montevidéu, no Uruguai, por uso de documento falso.
Em Mato Grosso, ele foi condenado em julho passado a sete anos de prisão por porte ilegal de arma. O Ministério da Justiça negocia sua extradição com o Uruguai.
Segundo Silva, o assassinato de Brandão foi encomendado por "no mínimo" R$ 38 mil.
O cabo da PM Hércules de Araújo Agostinho, 34, acertou, segundo testes de balística, os tiros no empresário. Ele é acusado de outros cinco assassinatos (dois teriam sido encomendados também por Arcanjo). Preso um dia após a morte de Sávio Brandão, fugiu do presídio Pascoal Ramos, em Cuiabá, no dia 1º de maio passado. Superou cinco portões sem ser incomodado por carcereiros.
Em seu relatório, o delegado afirma que o assassinato de Sávio Brandão envolve, além de Agostinho e Arcanjo, mais três pessoas:
1) o ex-cabo da PM Célio Alves Barbosa, 38, também acusado de ser pistoleiro de Arcanjo, que, segundo o delegado, vigiou os passos de Sávio Brandão para dar informações a Agostinho. Barbosa está preso em Pascoal Ramos.
2) o vigia Fernando Barbosa Belo, que, segundo a polícia, pilotou a moto da qual Agostinho fez disparos. Belo está foragido.
3) o "cobrador de dívidas" João Leite, que está foragido e, segundo a polícia, contratou Agostinho a pedido de Arcanjo para matar Sávio Brandão. Leite tinha comprovante de que pagou R$ 38 mil a Barbosa pela morte de Brandão.
Além dos telefonemas para a VIP Factoring, que pertence a Arcanjo, Leite também ia à empresa frequentemente, afirmou o delegado Silva. A polícia também se baseia em depoimento do presidiário Paulo César Mota. Então vizinho das celas de Agostinho e Barbosa, ele diz ter ouvido os dois comentarem que o "comendador" mandou matar Brandão.


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