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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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MUDANÇA NA FUNAI

Motivo é nomeação

Indígenas dizem ter rompido com governo

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas das principais organizações indígenas do país divulgaram ontem um texto no qual anunciam ter "rompido" com o governo federal.
As entidades -que juntas dizem representar aproximadamente 80% dos 700 mil índios- são contrárias à nomeação do novo presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), o antropólogo Mércio Pereira Gomes, 52, confirmada anteontem.
Líderes indígenas haviam indicado para o cargo, numa audiência em Brasília no último dia 28 com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o líder apurinã do Acre Antônio Apurinã, 44, segundo suplente de senador pelo PC do B. Os índios anunciaram que farão um protesto em Brasília na próxima terça-feira.
"Exerceremos todos os nossos direitos que o regime democrático permite, faremos público o que pensamos e queremos, exigindo do governo que respeite as nossas demandas históricas e protagonismo, até agora abafados por práticas autoritárias e manipuladoras", diz no texto o coordenador-geral da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), o saterê-mauê Jecinaldo Barbosa, 27.
O texto das ONGs, divulgado ontem, tem o título "Movimento indígena rompe com o governo".
A Coiab congrega 75 organizações indígenas da Amazônia Legal que representam 165 povos indígenas -em todo o país há cerca de 215 etnias. Além dela, participarão do protesto marcado para terça-feira o CIR (Conselho Indígena de Roraima), a Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espirito Santo), a CIX (Coordenação Geral Indígena Xavante), a Uniac (União das Nações Indígenas do Acre) e a Comissão Pós-Conferência de 2000, entre outros grupos do Norte e do Centro-Oeste.
"Não existe diálogo, o governo está traindo os compromissos com os povos indígenas", disse ontem Barbosa. Segundo ele, Thomaz Bastos havia dito, na reunião do dia 28, que "levaria em conta" a indicação dos índios.
O novo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, foi procurado pela Folha por meio da assessoria de imprensa do órgão, por um e-mail pessoal e em um telefone registrado em seu nome em Petrópolis (RJ), onde mora, mas não foi localizado.
A assessoria do Ministério da Justiça informou que não iria se manifestar sobre o assunto.


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