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MUDANÇA NA FUNAI
Motivo é nomeação
Indígenas dizem ter rompido com governo
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas das principais organizações indígenas do país divulgaram ontem um texto no qual
anunciam ter "rompido" com o
governo federal.
As entidades -que juntas dizem representar aproximadamente 80% dos 700 mil índios-
são contrárias à nomeação do novo presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), o antropólogo Mércio Pereira Gomes, 52,
confirmada anteontem.
Líderes indígenas haviam indicado para o cargo, numa audiência em Brasília no último dia 28
com o ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, o líder apurinã
do Acre Antônio Apurinã, 44, segundo suplente de senador pelo
PC do B. Os índios anunciaram
que farão um protesto em Brasília
na próxima terça-feira.
"Exerceremos todos os nossos
direitos que o regime democrático permite, faremos público o que
pensamos e queremos, exigindo
do governo que respeite as nossas
demandas históricas e protagonismo, até agora abafados por
práticas autoritárias e manipuladoras", diz no texto o coordenador-geral da Coiab (Coordenação
das Organizações Indígenas da
Amazônia Brasileira), o saterê-mauê Jecinaldo Barbosa, 27.
O texto das ONGs, divulgado
ontem, tem o título "Movimento
indígena rompe com o governo".
A Coiab congrega 75 organizações indígenas da Amazônia Legal que representam 165 povos indígenas -em todo o país há cerca
de 215 etnias. Além dela, participarão do protesto marcado para
terça-feira o CIR (Conselho Indígena de Roraima), a Apoinme
(Articulação dos Povos Indígenas
do Nordeste, Minas Gerais e Espirito Santo), a CIX (Coordenação
Geral Indígena Xavante), a Uniac
(União das Nações Indígenas do
Acre) e a Comissão Pós-Conferência de 2000, entre outros grupos do Norte e do Centro-Oeste.
"Não existe diálogo, o governo
está traindo os compromissos
com os povos indígenas", disse
ontem Barbosa. Segundo ele,
Thomaz Bastos havia dito, na reunião do dia 28, que "levaria em
conta" a indicação dos índios.
O novo presidente da Funai,
Mércio Pereira Gomes, foi procurado pela Folha por meio da assessoria de imprensa do órgão,
por um e-mail pessoal e em um
telefone registrado em seu nome
em Petrópolis (RJ), onde mora,
mas não foi localizado.
A assessoria do Ministério da
Justiça informou que não iria se
manifestar sobre o assunto.
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