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Tropeço, mas não roubo, diz Severino
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara dos
Deputados, Severino Cavalcanti
(PP-PE), voltou ontem a negar as
acusações de que receberia propina e avisou que não irá se afastar
do cargo. Para seus aliados, ele está sendo vítima de uma conspiração das elites.
Ao se defender, Severino chegou a evocar sua oratória, que já
causou polêmica diversas vezes.
"Posso tropeçar nas palavras, mas
jamais irão encontrar nada que
desonre o meu mandato ou atos
corruptos que manchem a minha
biografia de quase 40 anos de vida
pública", afirmou, em nota que
divulgou à tarde, a terceira desde
a última sexta-feira.
O líder do PP na Câmara, José
Janene (PR), disse que "querem
satanizar Severino" em razão de
sua "origem humilde". "Há uma
orquestração por parte das elites
que sempre dominaram essa Casa", afirmou.
Insistindo na sua história pessoal, Severino declarou que levou
para a Câmara sua "austeridade"
na vida familiar. "A mesma austeridade que marca a minha vida
em família e de homem público
levei como uma obsessão a seguir
em todos os cargos que ocupei."
O presidente da Câmara, na nota de duas páginas divulgada por
sua assessoria, não disse explicitamente que rejeita a hipótese de se
afastar da presidência. Ele afirma
apenas que não pode "ser colocado à execração pública com acusações sórdidas, irresponsáveis e
sem provas".
O recado de que fica na presidência foi dado por Severino ao líder da minoria na Câmara, José
Carlos Aleluia (PFL-BA). Eles
conversaram por telefone no começo da tarde, quando o pefelista
falou da carta da oposição pedindo seu afastamento do posto. Aleluia disse então que iria à residência oficial da Câmara às 15h para
entregar o documento. Segundo o
pefelista, Severino se dispôs a recebê-lo, mas, dez minutos depois,
mudou de idéia. Avisou que tinha
uma consulta médica marcada
para as 15h. A carta da oposição
acabou sendo protocolada no gabinete da presidência.
Severino voltou a negar que tenha recebido R$ 10 mil mensais
do empresário Sebastião Buani,
em 2003. "Nesse período [2003]
eu já não era primeiro-secretário
e não detinha qualquer poder sobre os contratos da Casa, o que
denota a má-fé das aleivosias do
sr. Buani", declarou.
Ele também negou que tenha
assinado documento concedendo
a exploração do restaurante da
Câmara por cinco anos.
"O sr. Buani, que explora os restaurantes na Câmara e no Senado
há mais de 15 anos, está cansado
de saber que os contratos da Casa
são renovados anualmente e que
o mandato dos membros da Mesa
é de apenas dois anos. Como poderia eu ou qualquer outra pessoa
assegurar-lhe cinco anos de concessão, sem licitação?"
O presidente da Câmara ironizou o fato de a acusação ser de recebimento em parcelas mensais.
"Uma das mais torpes acusações,
sem provas, diz que minhas secretárias recebiam, mensalmente,
envelope lacrado contendo numerário a mim destinado. Elas
cumprem ordem de abrir toda e
qualquer correspondência ou envelope que me tem como destinatário. E jamais encontraram dinheiro", disse.
(FÁBIO ZANINI E KENNEDY ALENCAR)
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