COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SALVADOR

O escritório, a casa e uma chácara do publicitário Duda Mendonça, localizados em Salvador e na região metropolitana da capital baiana, foram vasculhados ontem por três equipes da Polícia Federal que cumpriram um mandado de busca e apreensão expedido pelo Supremo Tribunal Federal.
Na operação foram apreendidos documentos, livros, computadores e comprovantes bancários que podem, segundo as apurações, ter relação com denúncias de caixa dois envolvendo o PT.
A PF também apreendeu documentos e computadores em escritórios ligados ao publicitário em São Paulo. Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão em seis endereços. A documentação seguiu para Brasília onde passará por perícia técnica.
Responsável pela campanha publicitária que levou Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, Duda Mendonça afirmou em depoimento à CPI dos Correios ter recebido R$ 10,5 milhões numa conta bancária aberta em nome da offshore Dusseldorf Company Ltda., nas Bahamas. O dinheiro, segundo o publicitário, referia-se a serviços prestados ao PT durante as eleições de 2002.
Segundo o marqueteiro, a empresa foi criada por exigência do empresário Marcos Valério de Souza, apontado pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) como operador do "mensalão". Valério nega a afirmação e diz que foi Duda quem sugeriu que o pagamento fosse feito em contas no exterior.
A PF e o Ministério Público estão investigando a origem do dinheiro transferido para essa conta. Nesta semana, a PF informou ter indícios para indiciar o publicitário sob acusação de crime de sonegação de divisas.
A decisão de realizar a busca e apreensão na casa, nos escritórios e na chácara de Duda foi tomada anteontem à noite pela PF. A operação foi mantida em sigilo -somente os policiais envolvidos foram informados.
As equipes da PF também contaram com dez auditores da Receita Federal, que vasculharam o apartamento do publicitário no bairro de Corredor da Vitória, seu escritório no bairro da Barra, ambos em Salvador, e uma chácara em Camaçari (região metropolitana de Salvador). O delegado que comandou a operação na Bahia, Clayton Eustáquio Xavier, não forneceu detalhes sobre o material recolhido e enviado a Brasília.
A reportagem procurou Duda nos três imóveis ontem à tarde. De acordo com funcionários, o marqueteiro estava em viagem. Duda Mendonça não respondeu até o fechamento desta edição.

Sacador
A PF começou a ouvir ontem em Belo Horizonte 16 pessoas que aparecem como sacadoras de dinheiro nas contas das agências ligadas ao empresário Marcos Valério de Souza. Entre elas está o policial David Rodrigues Alves, que, conforme Valério, foi indicado por Zilmar Fernandes, sócia de Duda, para fazer o saque. O depoimento será na tarde de hoje. Duda, nas CPIs dos Correios e do Mensalão, disse não conhecer o policial. Este, no depoimento que prestou à CPI do Mensalão e à PF, disse que entregava o dinheiro na SMPB, que nega essa versão. Ele sacou R$ 4,9 milhões.