São Paulo, domingo, 6 de setembro de 1998

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QUESTÃO AGRÁRIA

MST promete trégua para preparar onda de invasões


da Redação

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promete para hoje e amanhã uma trégua na sua nova onda de invasões, que começou na segunda-feira passada em São Paulo.
As lideranças do movimento, reunidas em diversas cidades do Pontal do Paranapanema (extremo oeste paulista) na semana passada, previam que o fim-de-semana seria de calmaria para armar a programação para depois do "Grito dos Excluídos".
O "Grito" é uma manifestação nacional que ocorre amanhã em cerca de 20 Estados em favor da reforma agrária e de melhor distribuição de renda.
Em entrevista anteontem, os organizadores do "Grito" estimaram em 1,5 milhão de pessoas o número de manifestantes.
O MST conclama uma onda nacional de invasões após o ato amanhã. Até a noite de sexta, houve 14 invasões em São Paulo. Uma 15ª tentativa de invasão, ocorrida anteontem mesmo, havia sido repelida por seguranças armados.
Na quinta-feira, o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) havia dito que a situação de conflito levaria "a um cadáver".
Na sexta, o MST respondeu a Jungmann, dizendo que se houvesse cadáver, a culpa seria do governo por não ter intercedido nas negociações entre sem-terra e fazendeiros.
Na opinião do ministro, a onda de invasões é uma resposta do líder sem-terra José Rainha Jr. às insinuações de que estaria se aproximando do governo. Por isso, diz Jungmann, as alas mais radicais do MST estariam cobrando uma postura mais dura de Rainha.
O líder dos sem-terra nega, dizendo que Jungmann é a fonte das insinuações e que nunca se aliou ao Palácio do Planalto. Na quinta passada, um telefonema do advogado e deputado federal petista Luiz Eduardo Greenhalgh ao presidente do Incra, Milton Seligman, pôs fim ao diálogo: Rainha não se reuniria com o governo.
Por sua vez, o Planalto também disse que não iria discutir com os sem-terra enquanto as invasões de terra continuassem.



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