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NO BRASIL
Secretaria Municipal da Saúde registra 2.552 atendimentos por insolação ou outros problemas
Em "megamissa" no Rio, papa defende casamento e fidelidade
dos enviados especiais ao Rio
Em missa realizada ontem no
Aterro do Flamengo, o papa João
Paulo 2º retomou a defesa dos valores familiares -oposição ao divórcio e defesa da fidelidade conjugal- que marcou os pronunciamentos da sua terceira visita ao
Brasil.
Falando a cerca de 2 milhões de
pessoas, o papa retomou o mesmo
trecho do Novo Testamento em
que baseou o pronunciamento da
véspera, durante a missa na Catedral Metropolitana, para um público bem menor, de 5.000 pessoas.
Nele, interrogado por judeus, Jesus contestou que o homem possa
repudiar sua mulher. Ao celebrarem o matrimônio, o homem e a
mulher transformam-se "na mesma carne". Assim, "o que Deus
uniu, o homem não pode separar".
A homilia (pregação do Evangelho em estilo familiar) foi de certo
modo o único momento em que a
missa deixou em suspenso a predominância de uma espécie de espetáculo alegre, comandado pelos
1.300 jovens do coral das paróquias cariocas.
Eles agitavam os braços e movimentavam o corpo dentro de pequenas batas amarelas e brancas
-cores do Vaticano.
Paramentado com a cor predominantemente verde, usada para o
que os católicos chamam de "tempo comum" (período sem celebrações especiais, como Páscoa ou
Natal, por exemplo), o papa estava
protegido do calor. Três aparelhos
de ar-condicionado funcionavam
na parte do altar ocupada por João
Paulo 2º, mantendo a temperatura
do local em torno de 24 graus.
Embaixo, bombeiros usaram jatos de água para refrescar a multidão. As pessoas que procuraram
ficar mais próximas do altar chegaram ao Aterro anteontem.
Atendimentos médicos
O sol que brilhou num céu sem
nuvens no Rio aumentou os efeitos do calor, que chegou a 28,6
graus à sombra, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.
A Secretaria Municipal da Saúde
registrou 2.552 atendimentos por
insolação ou problemas mais graves. Houve uma parada cardiorrespiratória, um traumatismo craniano e nove suspeitas de infarto.
No total, 128 pessoas precisaram
ser internadas.
A superlotação do parque do
Flamengo prejudicou o atendimento às pessoas que passavam
mal. As ambulâncias só conseguiam atravessar a multidão com a
ajuda de batedores da PM (Polícia
Militar).
Quase todos os casos registrados
até o fim da missa campal eram de
hipoglicemia (taxa de glicose no
sangue abaixo do normal, provocada muitas vezes por falta de alimentação), desidratação, por causa do calor, e queda de pressão arterial.
Muitos fiéis chegaram ao parque
na tarde de sábado e esperaram
mais de 12 horas pelo início da
missa.
"Com tanto calor, fome, sede,
aperto, mais a emoção da missa,
muita gente não aguentou", disse
o médico Eduardo Santiago, coordenador de um dos postos.
"Moldes rígidos"
O presidente da CPT (Comissão
Pastoral da Terra), o bispo d. Tomás Balduíno, criticou a missa celebrada pelo papa.
"Ela seguiu moldes rígidos. Faltou uma expressão mais popular.
Deveria ser menos ritual, solene,
gregoriana", disse.
Segundo d. Balduíno, essa opinião foi compartilhada por outros
bispos. Para o presidente da CPT, a
missa deveria propiciar um "contato mais direto" do papa com os
fiéis.
O bispo de Santo Amaro, d. Fernando Figueiredo, discordou: "o
povo participou com as bandeirinhas, foi ótimo".
Barrados
Antes do início, um grupo de
cardeais e bispos ficou barrado por
cerca de meia hora em um dos locais de acesso à área restrita montada para a celebração da missa.
Parte dos religiosos do grupo
não havia recebido a credencial específica para a missa.
Apesar de estarem com a credencial expedida pela PF -que continha nome e foto- e de estarem
paramentados, os bispos tiveram
o acesso vetado por agentes federais.
O impasse só foi resolvido quando o delegado da PF Celso Soares,
responsável pelo esquema de segurança, autorizou a entrada dos
religiosos.
(JOÃO BATISTA NATALI, CRISTINA GRILLO, FERNANDA DA ESCÓCIA, IGOR
GIELOW, LUIS HENRIQUE AMARAL,
SERGIO TORRES e MÁRIO MOREIRA)
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