São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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PAINEL

Cortina de fumaça
O projeto de aumento de R$ 8.000 para R$ 17.125 nos salários de deputados era só um despiste. O valor foi jogado nas nuvens a fim de possibilitar o acordo que está prestes a ser fechado entre os líderes dos partidos. Os vencimentos dos deputados devem subir para R$ 12 mil.

Mais cadeiras
Além do reajuste para R$ 12 mil nos salários, o acordo em discussão prevê mais verbas aos parlamentares para contratação de assessores (dos atuais R$ 25 mil para R$ 30 mil). Cada deputado passaria a ter 20 funcionários, dois a mais do que hoje.

Telefone ocupado
Aécio Neves, presidente da Câmara, tentará empurrar com a barriga a decisão sobre o aumento dos salários dos deputados. Quer deixar para o ano que vem, quando estará no governo de Minas, longe do Congresso.

Barriga vazia
Foram dois anos de discussão do "Fome Zero" e 170 páginas escritas. Ontem, José Graziano e Suplicy, expoentes do PT no assunto, disseram, após reunião em SP, que são necessários novos seminários "para que possamos chegar às formas efetivas de combate à fome e à miséria".

Conselho mineiro
Ao ser questionado se Lula deveria convidar Ciro, Garotinho e Brizola para o seu governo, um antigo ministro se lembrou de uma frase de Tancredo Neves: "Nunca nomeie alguém que você não poderá demitir".

Prorrogar a lua-de-mel
Lula deverá se reunir com CUT e Força Sindical na semana que vem. Poderá visitar as centrais ou fazer uma reunião conjunta. Sem condições de dar grandes aumentos para o salário mínimo, quer evitar protestos no início do seu governo.

Em alta
Com a provável candidatura de José Dirceu à presidência da Câmara, ganha força o nome de Luiz Gushiken para a Casa Civil.

Câmara Brasil-EUA
Autoridades de três departamentos do governo dos EUA (Estado, Tesouro e Comércio) vêm ao Brasil nas próximas semanas para se reunir com a equipe de Lula. Os encontros foram acertados ontem entre Aloizio Mercadante (PT) e a embaixadora Donna Hrinak.

Blindagem
A Federação Única dos Petroleiros pediu à equipe de transição do PT que pressione o governo federal a modificar medidas tomadas nos últimos meses pela Petros que serviriam, segundo a entidade, para engessar, no governo Lula, o segundo maior fundo de pensão do país.

Queda-de-braço
As decisões da Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras) sobre investimentos deverão passar agora por uma instituição financeira, o banco Mellon Brascan. Lula quer o dinheiro dos fundos para projetos de geração de emprego, como obras de infra-estrutura.

Outro lado
A assessoria da Petros diz, citando o presidente Carlos Flory, que "a blindagem é contra a má gestão do fundo" e o banco Mellon Brascan não terá poder final de veto sobre projetos. A medida traduziria "um novo modelo, piloto para o mercado".

Insuficiência de quadros
O PT deve indicar apenas cerca de 30 dos 51 cargos a que tem direito no governo de transição. O partido teve dificuldades para convencer técnicos a aceitar ficar dois meses no DF com salários inferiores aos que recebem. Há, por exemplo, dez vagas com salários inferiores a R$ 2.000.

Terreno minado
Após uma semana de transição, o PT chegou à conclusão de que não conseguirá evitar que o atual governo tome decisões que contrariem Lula. O principal objetivo no período será tomar conhecimento das "armadilhas" que o PT encontrará em seus primeiros dias no cargo.

TIROTEIO

De Roberto Requião (PMDB), reclamando das conversas da cúpula do partido, que apoiou Serra na eleição, com Lula:
- Não tem cabimento que os derrotados do PMDB comercializem o apoio do partido a Lula. Já destruíram o partido ao se venderem a FHC, agora têm de botar seus cargos à disposição.

CONTRAPONTO

Afinidades eletivas

Em 1996, o então procurador estadual do Paraná Felix Fischer sonhava em se tornar ministro do STJ (o que acabou acontecendo). Para entrar na lista tríplice do tribunal, que depois seria levada a FHC, Fischer percorreu os gabinetes para pedir votos aos ministros. Ao entrar no do ministro Peçanha Martins, que pesa mais de 100 kg, foi recebido com uma gargalhada. Martins riu tanto que quase caiu da cadeira. Olhava para Fischer e perguntava se ele queria mesmo ser ministro. Fischer dizia que sim e pedia o voto.
O ministro respondeu que ele podia ficar tranquilo: seu voto era do candidato. Antes de ir, Fischer quis tirar a dúvida:
- Ministro, por que me recebeu com aquela gargalhada?
Martins esclareceu:
- Eu não lhe conhecia pessoalmente e fiquei muito contente. Finalmente vamos ter um ministro mais gordo do que eu...



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