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TRANSIÇÃO
Acerto prevê que petistas presidam a Câmara e peemedebistas, o Senado
PT e PMDB fecham acordo para comandar Congresso
Márcia Gouthier/Folha Imagem
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Os deputados José Dirceu e Michel Temer, presidentes do PT e do PMDB, em reunião em Brasília |
RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
FABIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PT e PMDB fecharam ontem
um acordo sobre as eleições para
as presidências da Câmara e do
Senado, que pode se desdobrar
num futuro apoio dos peemedebistas ao governo de Luiz Inácio
Lula da Silva. Pelo acordo, o PT se
compromete a apoiar o candidato
que a bancada do PMDB no Senado indicar, em troca do apoio ao
candidato do PT na Câmara.
Para a cúpula do PMDB, o gesto
soou como se Lula tivesse tirado
as mãos do ombro de José Sarney
(PMDB-AP), que vinha articulando sua candidatura dentro e fora
do partido. A direção da sigla prefere Renan Calheiros (AL).
Aliado ao PMDB, o novo bloco
dos partidos da situação, a partir
de 2003, teria 268 deputados. Mas
esse número pode chegar a 294,
com adesões esperadas de todos
os partidos, inclusive dos pefelistas que pretendem migrar para o
PL, partido do senador José Alencar, o vice-presidente de Lula.
Difícil é assegurar a unidade do
PMDB. A direção da sigla saiu fortalecida de uma reunião da Executiva Nacional do partido realizada ontem em Brasília, na qual
recebeu o aval dos governadores
para prosseguir as negociações.
Alguns, como Jarbas Vasconcelos (PE), preferiam o PMDB na
oposição. Ele disse que daqui a
dois anos haverá eleições municipais e em muitos lugares, como
Pernambuco, Rio Grande do Sul e
Distrito Federal, o PT é o principal
adversário dos peemedebistas.
Já Luiz Henrique (SC) e Germano Rigotto (RS) defenderam o
apoio do partido à governabilidade, mas sem participação no governo. Para não rachar, o PMDB
evitou usar a palavra "oposição" e
"apoio" numa nota asséptica divulgada ao final do encontro. No
último item, destacou que vai
aguardar as propostas do governo
e "aprovar aquelas que coincidirem com os interesses do país e
nosso programa partidário".
Aplausos
A cautela do PMDB tem várias
explicações. A direção da sigla
ainda quer avaliar a solidez dos
entendimentos com o PT, os primeiros passos do novo governo e
ver se Renan consegue viabilizar
sua candidatura no Senado.
A hipótese de criação de um
bloco de oposição com PSDB,
PFL e PPB está arquivada, mas
pode ser retomada a qualquer
momento. Depende dos desdobramentos da articulação.
Jarbas foi aplaudido na reunião
do PMDB ao fazer um discurso
duro contra Sarney. "Sarney não é
PMDB. O PMDB é esse povo que
está aqui [apontando para os governadores e integrantes da Executiva". Negociando pela imprensa e fora dos canais tradicionais
ele não conta com o meu apoio."
Só a deputada Rita Camata (ES),
que foi candidata a vice de José
Serra, também mereceu aplausos
ao chegar para a reunião. Com a
derrota na eleição, seu mandato
na Câmara terminará em 2003.
A palavra governabilidade foi
repetida por dez entre dez peemedebistas. Com nuances diferentes.
O PMDB vai ouvir as bancadas e
reunir seu Conselho Político para
tirar uma posição definitiva em
relação ao governo Lula. José Dirceu, o presidente do PT, está satisfeito com os resultados alcançados até agora: "A partir de uma
agenda mínima para o país, é
construída a governabilidade".
Colaborou GUSTAVO PATÚ, da Sucursal
de Brasília
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