ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

O governador eleito do Piauí, Wellington Dias (PT), disse ser contrário à idéia de distribuir cupons a serem trocados por alimentos em estabelecimentos cadastrados, prevista no programa Fome Zero, do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ele defende que o benefício seja pago em dinheiro, seguindo os moldes dos programas sociais do governo Fernando Henrique Cardoso, como o Bolsa-Escola, que paga R$ 15 para famílias carentes manterem seus filhos na escola. O dinheiro é sacado por meio de um cartão magnético.
"Na maior parte dos municípios do Piauí não tem nem supermercado, não há como ter cupom. Tem que facilitar a vida do pobre. Pode-se utilizar a sistemática do Bolsa-Escola", disse, depois de participar do encontro da Executiva Nacional do PT, em São Paulo.
Segundo ele, o cupom poderia ser distribuído nas grandes cidades. "Precisa haver diferenciação. Eu disse para o Lula que a vantagem do pagamento em dinheiro é que ele corre naquele município e ajuda a desenvolver a economia local."
De acordo com o governador eleito, no Piauí, 1,5 milhão de pessoas (52,6% do total de habitantes) sobrevivem em famílias com renda abaixo de meio salário mínimo. Há no Estado 700 mil desempregados.
Dos 223 municípios piauienses, 194 estão em situação de emergência por causa da seca. Para atender os flagelados, o governo paga R$ 30 por família -o programa Bolsa-Renda.
"O importante é fazer um programa com uma renda mais elevada do que faz o Fernando Henrique. A meta é R$ 100, meio salário mínimo", diz.
Ele estima que seja necessário investir R$ 2 bilhões, durante quatro anos, para começar a erradicar a pobreza no Piauí, mas diz que não espera privilégio por ser do partido de Lula.
"Dele eu espero apenas um apoio proporcional à nossa pobreza, não é nenhum privilégio. Se nós temos mais pobres proporcionalmente, temos que receber mais do que os outros Estados proporcionalmente. O Piauí sempre foi discriminado, até pela falta de bons projetos. Agora o Piauí pode ser modelo de desenvolvimento", disse.


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