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TRANSAÇÃO SUSPEITA
Delegado responsável por investigação quer ouvir o peemedebista Ramez Tebet como testemunha
PF abre inquérito para apurar uso de Senado em lobby
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar a utilização da presidência do Senado num esquema
de lobby montado para obter somas milionárias do governo. O senador Ramez Tebet (PMDB-MS),
presidente do Senado, será o primeiro a ser ouvido. Falará na condição de testemunha.
O delegado Marcelo de Oliveira
Andrade, da superintendência da
PF em Brasília, vai conduzir o inquérito. Ele já expediu o ofício pedindo para que Tebet marque hora e local para a inquirição.
O caso sob investigação foi revelado pela Folha na última sexta-feira. O advogado José Goulart
Quirino se apresenta como consultor de Tebet em conversas com
empresários. Porta um contrato e
uma procuração supostamente
assinados pelo senador.
Quirino negocia o recebimento
do chamado "crédito prêmio do
IPI", gratificação criada em 1969
como estímulo às exportações.
Para o governo, o prêmio foi extinto em 1983. Para os exportadores, continua em vigor.
A divergência gerou centenas de
ações judiciais em todo país. O
que está em jogo é uma despesa
anual de cerca de US$ 5 bilhões.
Quirino promete a seus interlocutores o recebimento de parcelas
do crédito prêmio do IPI "pela via
administrativa", ou seja, sem necessidade de recurso ao Judiciário. Afirma que o seu trabalho está
dividido em duas fases: uma "técnica" e outra "política".
O advogado falou com a reportagem da Folha imaginando que
conversava com um consultor de
empresas. O diálogo foi gravado.
Tebet conhece Quirino do Mato
Grosso do Sul. Contratou-o na
década de 90, para desembaraçar
o inventário de seu sogro. O senador, porém, desautoriza a utilização de seu nome. E afirma que são
falsos o contrato e a procuração
que o associam ao advogado.
A PF está à procura de Quirino.
Deseja mantê-lo sob vigilância. A
Folha tenta fazer contato com o
advogado desde quinta-feira da
semana passada. Ontem, Quirino
fez contato com o jornal em Brasília. Antes que pudesse completar
a primeira frase, a ligação foi interrompida. Não discou de novo.
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