São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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TRANSAÇÃO SUSPEITA

Delegado responsável por investigação quer ouvir o peemedebista Ramez Tebet como testemunha

PF abre inquérito para apurar uso de Senado em lobby

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal abriu inquérito para apurar a utilização da presidência do Senado num esquema de lobby montado para obter somas milionárias do governo. O senador Ramez Tebet (PMDB-MS), presidente do Senado, será o primeiro a ser ouvido. Falará na condição de testemunha.
O delegado Marcelo de Oliveira Andrade, da superintendência da PF em Brasília, vai conduzir o inquérito. Ele já expediu o ofício pedindo para que Tebet marque hora e local para a inquirição.
O caso sob investigação foi revelado pela Folha na última sexta-feira. O advogado José Goulart Quirino se apresenta como consultor de Tebet em conversas com empresários. Porta um contrato e uma procuração supostamente assinados pelo senador.
Quirino negocia o recebimento do chamado "crédito prêmio do IPI", gratificação criada em 1969 como estímulo às exportações. Para o governo, o prêmio foi extinto em 1983. Para os exportadores, continua em vigor.
A divergência gerou centenas de ações judiciais em todo país. O que está em jogo é uma despesa anual de cerca de US$ 5 bilhões.
Quirino promete a seus interlocutores o recebimento de parcelas do crédito prêmio do IPI "pela via administrativa", ou seja, sem necessidade de recurso ao Judiciário. Afirma que o seu trabalho está dividido em duas fases: uma "técnica" e outra "política".
O advogado falou com a reportagem da Folha imaginando que conversava com um consultor de empresas. O diálogo foi gravado.
Tebet conhece Quirino do Mato Grosso do Sul. Contratou-o na década de 90, para desembaraçar o inventário de seu sogro. O senador, porém, desautoriza a utilização de seu nome. E afirma que são falsos o contrato e a procuração que o associam ao advogado.
A PF está à procura de Quirino. Deseja mantê-lo sob vigilância. A Folha tenta fazer contato com o advogado desde quinta-feira da semana passada. Ontem, Quirino fez contato com o jornal em Brasília. Antes que pudesse completar a primeira frase, a ligação foi interrompida. Não discou de novo.


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