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TRANSIÇÃO
Falta de poder do BC torna cargo menos atraente
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A falta de autonomia formal do
Banco Central é um dos fatores
que têm dificultado o governo do
PT a encontrar um nome para a
presidência do BC.
A afirmação é do economista
Gustavo Loyola, ex-presidente do
BC e atualmente consultor da
"Tendências". Em texto enviado
aos seus clientes, ele diz que "na
ausência formal e na falta de mandatos fixos, a probabilidade de se
ter um nome para o BC aumenta
na razão direta das garantias que
os líderes políticos principais do
PT puderem lhe dar para o exercício do cargo em condições objetivamente difíceis".
De acordo com Loyola, "a dúvida é se essas garantias poderão ser
dadas por um partido que somente recentemente acordou para a importância da credibilidade
em política econômica, e no qual
ainda são fortes as posições históricas que se caracterizam por um
viés de oposição ao mercado financeiro".
Segundo a Folha apurou, a garantia de autonomia do BC foi a
principal exigência feita pelo economista Pedro Bodin, presidente
do Icatu, para aceitar o convite
feito nesta semana pelas principais lideranças do PT para presidir o BC.
Bodin tem sido bastante pressionado por banqueiros a aceitar
o convite e, apesar de sua relutância, ainda não deu a resposta definitiva ao PT. Ele quer garantias de
autonomia operacional do BC para assumir o cargo.
O ex-BC Gustavo Loyola, em
seu artigo na "Tendências", diz
também que o novo presidente
do BC deve ser mesmo um peixe
fora d'água do PT. Ou seja, de fora
dos quadros do partido.
Diante disso, "suas dificuldades
nas relações intragoverno tendem
a ser grandes, ainda mais se considerarmos o fato de que a tradição
petista é fortemente preconceituosa em relação ao BC, ao qual
normalmente é atribuída uma relação "incestuosa" com as instituições financeiras e uma inclinação sadomasoquista que o leva a
manter os juros desnecessariamente elevados".
Loyola lembra que, na mitologia da esquerda brasileira, o BC é
o "templo do mal", a "caixa-preta", logo, "há uma boa chance de a
direção do BC ser eleita como bode expiatório para as eventuais dificuldades que poderão ser enfrentadas no governo petista".
Dessa forma, Loyola diz que,
mesmo que os líderes do PT, como José Dirceu, Antônio Palocci
Filho e Aloizio Mercadante, não
compartilhem dessa visão distorcida do Banco Central, isso não
significa que o futuro presidente
do BC possa dispensar a blindagem política proporcionada pelo
ministro da Fazenda e pelo presidente da República.
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