São Paulo, sexta-feira, 06 de dezembro de 2002

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MATO GROSSO

Acusado nega envolvimento com o crime organizado no Estado

PF busca suposto líder de quadrilha

FREE-LANCE PARA AGÊNCIA
FOLHA, EM CUIABÁ

A Polícia Federal desencadeou ontem em Cuiabá (MT) a Operação "Arca de Noé" para prender João Arcanjo Ribeiro, 52, suspeito de ser chefe do crime organizado no Estado. Ele não foi localizado até a conclusão desta edição.
A Polícia Civil investiga se Arcanjo Ribeiro é o mandante do assassinato de Sávio Brandão, 40, dono do jornal "Folha do Estado", o segundo maior do Estado.
Brandão foi morto a tiros em 30 de setembro, em Cuiabá. Nos meses que antecederam sua morte, seu jornal publicou reportagens sobre o crime organizado e, numa delas, Arcanjo é chamado de "Al Capone de Mato Grosso". Na semana passada, o Ministério Público colheu o depoimento de um suspeito que afirma que Brandão foi morto a mando de Arcanjo.
Em nota à imprensa divulgada anteontem, Arcanjo Ribeiro negou envolvimento com o crime organizado e, sobre Sávio Brandão, disse que "repudia, como toda a sociedade mato-grossense, esse bárbaro assassinato, assinalando que vinculação alguma tem ou pode lhe ser idoneamente atribuída em relação a esse fato".
"Esta é uma organização criminosa muito bem estruturada, que tem ramificações em setores públicos e atua com contrabando de componentes eletrônicos [os chamados "caça-níqueis"], sonegação de impostos, formação de quadrilha e corrupção", afirmou o delegado Reinaldo de Almeida. Para organizar a exploração de caça-níqueis, Arcanjo teria "loteado" o Estado, segundo a polícia.
Na operação "Arca de Noé" foram usados cem agentes da PF, 22 promotores estaduais e quatro procuradores federais. Foram expedidos oito mandados de prisão e 18 de busca e apreensão.
Foram presos três coronéis reformados da PM (Frederico Lepesteur, Marcondes Ramalho e Costa Neto) e Luiz Alberto Dondo Gonçalvez, responsável pela contabilidade do grupo. Segundo a PF, os coronéis cuidavam da entrada das máquinas caça-níqueis. O piloto de Arcanjo, Fernando de Matos Cardoso, e dois funcionários de uma fazenda, Orivaldo Dias da Silva e Paulo Roberto Brandão, também foram detidos.
O advogado de Arcanjo Ribeiro, Henrique Vieira, disse que os negócios do seu cliente são lícitos: "Ele não está na cidade, mas virá. Ele está à disposição da Justiça".


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