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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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Descontraído, presidente diz que libaneses e brasileiros são "brimos"

DO ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE

Descontraído, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma brincadeira no final de seu discurso para libaneses e brasileiros no Seminário Empresarial Brasil-Líbano: "Os libaneses e os brasileiros podem dizer uma frase que vocês utilizam muito no Brasil: nós somos "brimos" de verdade". Foi aplaudido por todos os presentes. Ao dizer "brimo", Lula quis imitar o tradicional sotaque de árabes que falam português no Brasil, e se referem a parentes muitas vezes de maneira genérica, apenas como ""primos".
Na versão do discurso divulgada pelo Palácio do Planalto, a expressão de Lula aparece escrita corretamente (""primos"). Assessores do presidente disseram que esse tipo de correção tem sido a praxe na transcrição das falas de Lula. Nesse seminário, como no realizado em Damasco, na Síria, Lula enfrentou um problema para ser plenamente compreendido. Seu discurso só era oferecido no sistema de tradução em inglês, mas não em árabe. Alguns empresários não entenderam o que disse o brasileiro.

Novo brinde
No final do seminário ele recebeu de presente dos organizadores um faqueiro. Lula fez um brinde com uma taça com água para homenagear os dois países. Por ser um país mais liberal do que a Síria, o gesto no Líbano não chamou a atenção. Em Damasco, ele pediu um brinde num jantar, mas nem Lula nem os outros presentes fizeram menção de levantar os copos -a tradição islâmica rejeita o álcool, associado a brindes.
No início da tarde, num outro discurso na Assembléia Nacional, havia tradução para o árabe, mas diferente da que foi distribuída impressa aos parlamentares. Muitos riam ou ficavam irritados -pelo menos dois deles jogaram os papéis na mesa- ao tentar seguir a fala de Lula.
Havia erros também na tradução para o português do discurso do presidente da Assembléia Nacional do Líbano, Nabih Berri. Por exemplo, eis uma frase incompreensível: ""As lições e as expreções [sic] em couraça fusíl, e o assunto no Iraque e a tentação de marginar União das Nações Unidas em baixo os pretendioso desejo de consertar ela".
Na parte da manhã, o chanceler Celso Amorim ganhou livro escrito em árabe com a biografia de Lula, escrito por Roberto Khatlab. Título: "De operário a presidente". No meio da tarde, outra curiosidade. Lula recebeu no Hotel Metropolitan, onde está hospedado, integrantes da comunidade brasileira no Líbano.
O convite para o evento trazia impresso um selo comemorativo de fantasia, com a imagem do que seria o último governante brasileiro que visitou o país oficialmente e o governante local à época: d. Pedro 1º e o emir Fakmeiddine 2º. Ocorre que o imperador que visitou o Líbano foi d. Pedro 2º, em 1876. Além disso, presidentes já visitaram o Líbano depois.
Lula foi recebido por uma jovem libanesa vestida de baiana.


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