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CASO SANTO ANDRÉ
Ministro diz que denunciados já estão sendo julgados, por crime comum; Suplicy não descarta motivação política
Para Dirceu, nova denúncia é "estranha"
JULIA DUAILIBI
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT reagiu de maneiras diferentes à denúncia do Ministério
Público de Santo André que coloca o empresário Sérgio Gomes da
Silva como um dos mandantes do
assassinato do prefeito Celso Daniel, ocorrido em janeiro de 2002.
Para o ministro José Dirceu (Casa Civil), presidente do partido na
época do assassinato, a denúncia
é "um tanto quanto estranha".
O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) disse permanecer "convicto" de que
O senador Eduardo Suplicy
(SP) defendeu a continuação das
investigações e disse não descartar a hipótese de que Daniel "tenha colocado uma objeção fortíssima" contra possíveis esquemas
de corrupção em Santo André.
"Os denunciados estão sendo
julgados. Então nós temos uma situação um tanto quanto estranha,
acredito", disse o ministro.
Dirceu referia-se aos integrantes da quadrilha apontada pela
Polícia Civil como autores do assassinato, que teria sido crime comum. A quadrilha foi denunciada
por promotores de Itapecerica da
Serra (na Grande São Paulo), responsáveis pela região onde o corpo de Daniel foi encontrado.
Na denúncia de ontem, promotores de Santo André dizem que
há envolvimento de Gomes da Silva, que estava com Daniel quando
ele foi sequestrado, com o crime.
O assassinato teria conexão
com um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André, pelo qual seria cobrada propina de empresários do setor de
transporte público. O irmão de
Daniel, João Francisco, chegou a
dizer que parte do dinheiro iria
para campanhas eleitorais do PT.
Além de dizer não que pode ser
descartada a hipótese de Daniel
ter "colocado uma objeção fortíssima" ao suposto esquema de
desvio de verba, Suplicy afirmou
que a sigla é um dos principais interessados na solução do caso.
"O PT é o primeiro partido que
tem interesse em que esses fatos
sejam revelados", disse o senador
ontem durante evento na Câmara
Municipal de São Paulo.
Suplicy demonstrou confiar no
trabalho da Promotoria: "Imagino que os promotores devam ter
feito uma investigação a fundo".
Dirceu foi mais cauteloso. Disse
que o Ministério Público tem "o
direito de pedir a reabertura do
caso", mas que era importante
"lembrar que houve violência e
ilegalidade" em outras investigações. Ele referia-se à participação
da Polícia Federal, que conseguiu
autorização da Justiça para fazer
escutas telefônicas, inclusive de
integrantes do PT, entre eles Dirceu. Para fazer os grampos, a PF
argumentou que investigava denúncias contra o narcotráfico.
"Nós somos vítimas", disse
num evento em Campinas sobre a
malha ferroviária local.
Provas e indícios
Ao ser contestado sobre o que
achava "estranho", o ministro
disse não ter feito a declaração.
Como ela havia sido gravada, ele
afirmou mais tarde: "Agora estão
dizendo o contrário [os promotores]. Que não são esses autores,
que podem ser outros autores".
Dirceu foi questionado também
sobre uma possível ligação entre a
quadrilha e Gomes da Silva. "Vocês [jornalistas] estão dizendo isso. Eles não falaram isso nem uma
vez." Segundo o ministro, "se o
Ministério Público quer reabrir as
investigações, tem de apresentar
para o Poder Judiciário seus indícios e suas provas".
O caso foi reaberto, a pedido da
família de Daniel, em agosto de
2002. Gomes da Silva, amigo do
prefeito, passou a ser investigado.
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