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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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RORAIMA

"PT não vai carregar ninguém no colo, não vai comprometer seu patrimônio histórico", afirma presidente da legenda

Genoino já ameniza defesa de Flamarion

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PT, José Genoino, mudou de tom. Ontem, ele abandonou a defesa pública do governador de Roraima, Flamarion Portela (PT), e disse que "o destino de cada um", inclusive de Portela, "está selado na investigação da Polícia Federal".
O presidente do PT estava se referindo à apuração sobre o envolvimento ou não do governador no escândalo dos "gafanhotos". O esquema começou a ser investigado em setembro de 2002, quando a Folha divulgou a existência dos "gafanhotos" -funcionários "fantasmas" que "comiam" a folha de pagamento do Estado. O esquema desviou pelo menos R$ 230 milhões em verbas públicas.
"Não tenho elementos para fazer a acusação ou a defesa do governador. Mas eu te digo que o PT não vai carregar ninguém no colo, não vai comprometer seu patrimônio histórico, não será conivente com nada que contrarie a ética", declarou Genoino.
Segundo Genoino, a direção nacional do partido está em contato permanente com o PT de Roraima para acompanhar o desenrolar da investigação e os resultados delas no quadro político -entre as quais, a possibilidade de Flamarion Portela deixar a legenda, à qual se filiou em 18 de março deste ano, em Brasília, na presença do ministro José Dirceu (Casa Civil). Flamarion, eleito vice-governador de Neudo Campos (PFL), assumiu o governo em abril de 2002, quando Neudo se desincompatibilizou para concorrer ao Senado. Neudo não conseguiu se eleger, mas Flamarion foi reeleito governador no segundo turno.

Mudança
O discurso de Genoino revela uma estratégia para tentar desvincular o governador da base política que o PT pretende expandir em Roraima. O Estado é mais uma peça no tabuleiro eleitoral no qual a legenda busca estabelecer sua estratégia de vitória nas urnas.
"Se for encontrada qualquer prova que envolva um filiado do PT em um esquema, o partido não vacilará em defender a ética, independentemente do tempo de filiação de quem quer que seja -petista de um ano ou um fundador", afirmou Genoino.
Na quarta-feira, Portela se reuniu com Genoino em Brasília. Na ocasião, segundo o presidente do PT, o governador enumerou as providências que teria tomado para estancar as irregularidades apontadas nas investigações.
No conjunto de medidas relatadas por Portela está a realização do primeiro concurso público para contratação de funcionários e o fechamento do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, onde o esquema dos "gafanhotos" teria surgido.
"Eu disse a ele [Portela] que só tem um caminho: ir para o tudo ou nada, colaborar com o que for preciso na investigação, fazendo uma parceria com as forças federais para transformar Roraima em uma República", afirmou Genoino, referindo-se à conversa com o governador.


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