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Conferência acirrou debate sobre nova medida
DA REPORTAGEM LOCAL
No Brasil, os debates sobre as
ações afirmativas no trabalho e na
educação em favor dos afrodescendentes se intensificaram após
a Conferência da ONU contra o
Racismo, Xenofobia e Outras Formas de Intolerância, realizada em
2001, em Durban (África do Sul).
Documento oficial do governo
brasileiro na conferência defendia
a adoção de tais políticas no trabalho e na educação. A partir de
2001, universidades públicas dos
Estados da Bahia, Rio de Janeiro e
Ceará e a UnB (Universidade de
Brasília) aprovaram a adoção de
cotas para os negros.
No Rio, a questão foi parar no
STF (Supremo Tribunal Federal),
que chegou a analisar a constitucionalidade da reserva de vagas
no vestibular das duas universidades estaduais do Rio em razão
de ação movida pela Confenen
(Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino).
No vestibular do ano passado,
uma lei estadual criou uma cota
de 40% das vagas para negros e
pardos e de 50% para estudantes
da rede pública na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
e na Uenf (Universidade Estadual
do Norte Fluminense).
Mas em agosto deste ano, a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou uma lei propondo
alterações nas regras do sistema
de cotas, que passaram a valer
apenas para os estudantes que
comprovarem carência. A porcentagem de cotas para negros
caiu de 40% para 20%. A reserva
para alunos da escola pública, que
era de 50%, passou para 20%. Em
razão dessa mudança, a ação do
Confenen perdeu validade e foi
arquivada.
No caso da cota racial, parte da
polêmica é explicada pela dificuldade em se definir quem é negro
ou pardo. Como não há critério
científico para definir cor ou raça,
a Uerj optou pelo critério de autodeclaração, o mesmo recomendado pela ONU. Mas esse critério
não impede a fraude, já que é o
próprio candidato que afirma se
tem ou não direito à cota.
Em São Paulo, há dois projetos,
de autoria de dois deputados de
partidos diferentes, tramitando
na Assembléia: um contra (PTB) e
outro a favor (PT) da implantação
do sistema de cotas nas universidades paulistas.
A implementação de cotas para
negros nas universidades públicas é uma das metas do governo
federal, segundo a ministra de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial, Matilde Ribeiro. A pasta
de Ribeiro coordena, com o MEC,
um grupo que discute políticas de
ação afirmativa.
A idéia do governo é que pelo
menos 20% das 52 universidades
federais tenham cotas. Hoje, apenas a UnB aprovou a implantação
desse sistema para estudantes negros e índios a partir de 2004.
Também tramita no Congresso
Nacional um projeto de lei de autoria do senador José Sarney, que
prevê reserva de 20% das vagas de
concursos públicos e das universidades públicas e particulares para a população negra.
Colaborou ANTÔNIO GOIS, da Sucursal
do Rio
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