São Paulo, quinta, 7 de janeiro de 1999

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PAINEL

Quebra de sigilo
Explicação para a oposição de Malan (Fazenda) às indicações políticas para os bancos estatais: seus presidentes detêm informações sigilosas, que o ministro teme que caiam em mãos de políticos. As intervenções da Caixa no interbancário, por exemplo.
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Embromação federal
A Fazenda procurou de todas as formas cozinhar a indicação de Emílio Carrazai, apadrinhado pelo vice Marco Maciel, para a Caixa. Chegou a oferecer ao PFL pernambucano a diretoria de Crédito Imobiliário, que está sendo reivindicada pelo PTB.
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Chantagem velada
Episódio lembrado ontem no PFL: foi Maciel quem mandou Inocêncio Oliveira retirar as assinaturas pefelistas do requerimento para criar a CPI da compra de votos. Inocêncio havia dito que tanto podia retirá-las como conseguir as que faltavam. Moral da história: não compensa a briga entre presidente e vice.
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Sanha fisiológica
Pimenta da Veiga (Comunicações) teve uma reunião ontem com a bancada tucana do Rio. Por mais de uma hora, o ministro ouviu calado as elevadas reivindicações dos representantes fluminenses: cargos no governo.
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Efeito Itamar
Da governadora Roseana Sarney (PFL-MA), sobre a possibilidade de renegociação das dívidas estaduais: "Se ele (Itamar Franco, MG) conseguir, eu vou atrás para conseguir também".
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Prato frio
Os tucanos mineiros estão rindo das dificuldades que FHC enfrenta com Itamar Franco, que ontem decretou a moratória da dívida estadual. Dizem que se o presidente tivesse apoiado mais enfaticamente Eduardo Azeredo, não precisaria passar agora por esse constrangimento.
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Sintonia fina
Depois dos tucanos Perillo (GO) e José Ignácio (ES), Roseana (PFL-MA) também aceitou a assessoria oferecida por Cláudia Costin (secretária de Administração) para ajudar os Estados a economizar. Itamar (PMDB-MG) e Olívio Dutra (PT-RS) recusaram a gentileza federal.
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Na ponta do lápis
Na planilha do governo, a CPMF teria 63 votos favoráveis ontem no Senado. E apenas 13 senadores governistas talvez negassem fogo: oito por motivo de viagem, cinco efetivamente contrários à contribuição e outros cinco que estavam à espera de "algum carinho". Teve 61 votos.

Buscando um líder
O PSDB quer transformar a festa de posse de Mário Covas em um ato político de dimensão nacional. Uma romaria de tucanos de todo o país vem a São Paulo no domingo prestigiar o governador, que tem batido duro na política econômica.
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Custo-benefício
Ainda há muita resistência à confirmação de Pio Borges no BNDES, sobretudo no PFL, que o considera muito próximo de Mendonção. O PMDB também torce o nariz, mas prefere engolir e sair credor do governo.

Abrindo a porteira
Apesar de ser o mais duro crítico da política de invasões do MST, ACM decidiu ajudar João Pedro Stedile em seus contatos com o governo. O líder sem-terra não confia em Jungmann (Política Fundiária) e tenta diversificar seus canais no Planalto.
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Só com ajuda divina
Piada brasiliense: um amigo de FHC dos tempos do exílio chega ao Brasil e surpreende-se com uma fitinha do Bonfim no pulso do presidente. "Mas você não era ateu?" E FHC: "Era. Hoje, espero sinceramente que Deus exista".
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Ver para crer
Fechou em alta ontem, na bolsa de aposta dos funcionários do alto escalão da Petrobrás, no Rio, o nome de Eduardo Jorge como substituto de Joel Rennó.
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Dança das cadeiras
Alexandre Cardoso deixará a liderança do PSB na Câmara para assumir a Secretaria de Saneamento do Rio de Janeiro. Pedro Valadares (SE) assumirá o comando da bancada, e o ex-ministro Jamil Haddad (Saúde, no governo Itamar), a vaga de Cardoso no Congresso.
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TIROTEIO

De Arthur Virgílio (PSDB-AM), sobre a moratória declarada ontem por Itamar Franco (MG):
- É um atraso. Essa atitude que já nos arrebentou em duas ocasiões, a última delas na moratória feita no governo Sarney. Logo, ele convoca carroças para colocar no lugar dos carros.

CONTRAPONTO

Questão de decência
A Câmara formou, em 93, uma comissão externa para acompanhar a situação da usina nuclear Angra 1, que sofrera um acidente que a tirou de funcionamento por cerca de 20 meses.
Além de deputados, o grupo contava com acadêmicos, como David Zylbersztajn, então professor da USP e hoje diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Quando o grupo chegou à cidade, Zylbersztajn percebeu que alguns parlamentares estavam visivelmente nervosos.
Já na usina, os integrantes do grupo foram informados de que só poderiam entrar se vestissem um macacão especial de proteção contra a radiação.
As peças de roupas foram distribuídas, e um deputado, o mais agitado até então, disse:
- Infelizmente, eu não vou poder vestir essa roupa aí.
Depois explicou, provocando risos contidos:
- É que eu vim desprevenido, sem a roupa de baixo!



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