São Paulo, quinta, 7 de janeiro de 1999

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INQUÉRITO
Delegado responsável pelo caso não está mais no Rio desde o dia 23 de dezembro
PF pára investigação sobre grampo

MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio


A Polícia Federal interrompeu há 15 dias no Rio as investigações sobre a autoria da escuta telefônica ilegal no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A PF anunciara o inquérito sobre o grampo como prioridade, ao lado da apuração sobre o dossiê Caribe, os papéis de autenticidade não-comprovada que indicam a existência de contas de políticos do PSDB em paraísos fiscais.
Desde o dia 23 de dezembro, pelo menos, o delegado Rubens Grandini, presidente do inquérito sobre o grampo, deixou o Rio, onde conduzia a investigação sobre a escuta que derrubou o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) e o presidente do BNDES, André Lara Resende.
Desde então, a apuração foi interrompida. A sede do banco, onde foi feita a escuta, fica no Rio.
Grandini viajou a Brasília, onde apresentou o resultado preliminar da sua apuração ao diretor-geral da PF, Vicente Chelotti.
Depois, Grandini foi para Campo Grande (MS), onde mora, passar o Natal com a família. Logo após o Natal, ele voltou a dar plantão na sede da PF no Estado, cuidando de assuntos locais.
Ontem, o delegado trabalhou normalmente em Campo Grande. Ele tem evitado entrevistas.
A assessoria de comunicação da PF em Brasília informou que a demora na devolução do inquérito pela Justiça, para o período de prorrogação de 60 dias, está adiando a retomada das investigações.
O procurador da República Artur Gueiros afirmou que a Justiça devolveu o inquérito à PF no dia 18 de dezembro -o pedido de novo prazo foi feito antecipadamente.
O prazo legal de 30 dias para a conclusão do inquérito se encerrou dia 24. A pedido da PF e do Ministério Público Federal, foi prorrogado por 60 dias.
Para Gueiros, a demora na volta de Grandini ao Rio só será preocupante caso se estenda ainda mais.
"Para nós, o importante é a manutenção do delegado Grandini, com a linha que ele está seguindo no inquérito." A PF anunciou que Rubens Grandini continuará à frente da investigação.
A sala onde o delegado trabalhava no Rio está fechada. Nem os policiais da Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais, a seção responsável pelo caso do grampo, entram lá.
Grandini foi enviado ao Rio por Chelotti por ser considerado, além de um dos melhores quadros da PF, isento a pressões locais contra a apuração.
Alguns dos suspeitos são agentes e ex-agentes de órgãos de informação e inteligência da União, com bom relacionamento com policiais federais do Rio.
Na cidade, Grandini quase só fala de orelhões, temendo ser grampeado dentro da própria Polícia Federal. Por problemas no pagamento de diárias, dorme na sede da PF, e não em hotel.
A Folha apurou que, até agora, ainda não há provas para indiciamentos, mas o delegado acredita que vai obtê-las.



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