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MÁQUINA PÚBLICA
União perdeu 133 mil funcionários de 1995 a 2002; percentual do PIB usado para custear folha é quase o mesmo
Quadro de servidores cai, mas gasto se mantém
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O quadro de servidores públicos
federais, que o governo pretende
recompor, tem se tornado menos
numeroso desde a década de 90.
No entanto, nos últimos anos, essa redução deixou de se traduzir
em menos gastos para a União.
Em 1995, os 982 mil servidores
ativos custaram aos cofres da
União R$ 18,9 bilhões. Sete anos
depois, em 2002, com 133 mil servidores a menos em atividade, a
folha de pagamento era de R$ 38
bilhões, segundo dados oficiais.
Devido à inflação, a comparação de valores em reais tende a ser
pouco relevante -a utilidade, no
caso, é derrubar o mito, alimentado pelas corporações, de que os
salários da administração pública
ficaram congelados no período.
É verdade que o último reajuste
linear de peso para o funcionalismo, de 22,07%, foi concedido em
95. De lá para cá, porém, houve
uma série de reajustes diferenciados por categoria, além de correções obtidas na Justiça e promoções por tempo de serviço.
Para as proporções da economia do país, 95 registrou o maior
gasto com servidores ativos do
período do real: 2,93% do PIB
(Produto Interno Bruto). Após
cair para 2,56% em 99, essa proporção assumiu tendência de alta
e fechou 2002 em 2,83% -os dados de 2003 ainda não foram divulgados. Isso significa que o governo Lula, para reverter o que
chama de "processo de enxugamento" do quadro nos anos FHC,
terá de gastar mais do que há dez
anos, em termos reais, para manter uma quantidade semelhante
de funcionários.
Gasto é alto ou não?
Resta uma discussão tão importante quanto difícil em torno da
necessidade ou não de contratar
mais servidores. Para o governo, a
medida se justifica pelo desejo de
ampliar a ação do Estado e sua
qualidade, o que inclui substituir
funcionários cuja aposentadoria
está próxima e mão-de-obra terceirizada.
Com tal objetivo, prevê-se a
abertura de concurso para o
preenchimento de 41.380 vagas
neste ano -foram 24.700 em
2003, contra 11.824 no último ano
da gestão FHC.
As primeiras perguntas são se o
Brasil possui servidores públicos
demais e se o gasto com eles é excessivo. Uma resposta objetiva
depende de uma comparação internacional que, de tão complexa,
é desaconselhada pelos especialistas: cada país tem seu próprio critério para contabilizar servidores,
quando conseguem fazê-lo; uns
não incluem os professores do sistema público; outros excluem
aposentados e policiais militares.
De maneira geral, é consenso
que o número de servidores no
Brasil, contando estaduais e municipais, não pode ser considerado alto. Dependendo do critério,
estima-se que a participação do
emprego público no emprego total do país fique entre 8% e 11%.
Essa proporção é inferior à verificada no mundo desenvolvido,
com exceção do Japão, e em vários países latino-americanos. Em
países escandinavos, como Suécia
e Noruega, os percentuais se
aproximam de 40%.
Mais controverso é o problema
do custo, que o Banco Mundial,
em 98, estimou em 12% do PIB no
Brasil; entidades dos servidores,
em trabalhos mais recentes, utilizaram o valor de 9,5% do PIB.
Quaisquer que sejam o critério
de cálculo e o valor atingido, os
governos Lula e FHC chegaram à
mesma conclusão: ainda que inferior aos padrões do Primeiro
Mundo, o custo com servidores é
alto para as contas públicas brasileiras - em especial devido às
aposentadorias.
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