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BRASIL PROFUNDO
Acusado diz que pessoas aceitaram condições
Polícia liberta 40 trabalhadores e prende sete em fazenda na Bahia
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Policiais civis e militares concluíram na madrugada de ontem
a libertação de 40 pessoas que trabalhavam em uma fazenda de Catu (78 km de Salvador).
Segundo a Polícia Militar, que
prendeu sete pessoas na ação, os
trabalhadores estavam submetidos a um regime análogo à escravidão pelo proprietário da fazenda, José Carlos dos Santos.
O delegado Giovanni Parenzo,
que comandou a operação, disse
que os trabalhadores não tinham
carteira assinada, não recebiam
férias e 13º salário, nem tinham
direito às folgas remuneradas.
Para extrair eucalipto, os funcionários recebiam R$ 30 por semana. Dormiam em cocheiras ou
em barracões no meio do mato.
"A gente ainda tinha que pagar a
comida", disse Nelson Batista, 54.
Na fazenda, a PM encontrou
um revólver 38, motosserras e um
caminhão com madeira. Uma
moça de 14 anos estava no local.
Carlos Diego Santos -filho de
José Carlos dos Santos, o dono da
fazenda- disse aos policiais que
os trabalhadores aceitaram as
condições de trabalho oferecidas.
"Falar em trabalho escravo é
brincadeira. Escravo é quem é
forçado a trabalhar sem receber
nada", disse Santos, que foi preso.
O trabalho análogo à escravidão
é caracterizado por: segurança armada; endividamento (o trabalhador gasta seu salário em produtos vendidos pelo dono); intermediação de mão-de-obra; restrição do direito de ir e vir. A presença de um dos elementos já configura o tipo de exploração, segundo o Ministério do Trabalho.
Os donos da fazenda serão processados por manter trabalhadores em regime análogo à escravidão e por corrupção de menores.
A PM libertou cinco detentos,
por terem mais de 65 anos. Santos
e o capataz Neildson da Silva continuavam detidos.
(LUIZ FRANCISCO)
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