São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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BRASIL PROFUNDO

Acusado diz que pessoas aceitaram condições

Polícia liberta 40 trabalhadores e prende sete em fazenda na Bahia

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Policiais civis e militares concluíram na madrugada de ontem a libertação de 40 pessoas que trabalhavam em uma fazenda de Catu (78 km de Salvador).
Segundo a Polícia Militar, que prendeu sete pessoas na ação, os trabalhadores estavam submetidos a um regime análogo à escravidão pelo proprietário da fazenda, José Carlos dos Santos.
O delegado Giovanni Parenzo, que comandou a operação, disse que os trabalhadores não tinham carteira assinada, não recebiam férias e 13º salário, nem tinham direito às folgas remuneradas.
Para extrair eucalipto, os funcionários recebiam R$ 30 por semana. Dormiam em cocheiras ou em barracões no meio do mato. "A gente ainda tinha que pagar a comida", disse Nelson Batista, 54.
Na fazenda, a PM encontrou um revólver 38, motosserras e um caminhão com madeira. Uma moça de 14 anos estava no local.
Carlos Diego Santos -filho de José Carlos dos Santos, o dono da fazenda- disse aos policiais que os trabalhadores aceitaram as condições de trabalho oferecidas.
"Falar em trabalho escravo é brincadeira. Escravo é quem é forçado a trabalhar sem receber nada", disse Santos, que foi preso.
O trabalho análogo à escravidão é caracterizado por: segurança armada; endividamento (o trabalhador gasta seu salário em produtos vendidos pelo dono); intermediação de mão-de-obra; restrição do direito de ir e vir. A presença de um dos elementos já configura o tipo de exploração, segundo o Ministério do Trabalho.
Os donos da fazenda serão processados por manter trabalhadores em regime análogo à escravidão e por corrupção de menores.
A PM libertou cinco detentos, por terem mais de 65 anos. Santos e o capataz Neildson da Silva continuavam detidos.
(LUIZ FRANCISCO)


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