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CASO SANTO ANDRÉ
Câmeras podem identificar responsável
Promotor tenta achar motoqueiro que entregou cópias das escutas
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor Roberto Wider Filho, que investiga o assassinato do
prefeito Celso Daniel (PT), recorreu a três câmeras de vídeo instaladas na entrada do prédio onde
mora, em São Paulo, para tentar
descobrir o rosto do motoqueiro
que entregou, de forma anônima,
cópias das escutas telefônicas do
caso Santo André.
Na sexta-feira passada, Wider e
outros dois promotores do caso,
José Reinaldo Carneiro e Amaro
Thomé Filho, receberam simultaneamente em suas casas CDs com
as escutas telefônicas do caso Santo André, que foram consideradas
ilegais pela Justiça Federal. Eles
encaminharam o material para
análise de impressão digital.
As fitas, gravadas pela Polícia
Federal após a morte de Daniel,
em janeiro de 2002, reproduzem
conversas entre petistas e pessoas
ligadas ao empresário Sérgio Gomes da Silva -acusado pela Promotoria de ser o mandante do crime. Em novembro, a Folha divulgou que os diálogos não incriminam Gomes da Silva. Revelam
mais que, na época, havia uma
preocupação política em proteger
a candidatura presidencial de
Luiz Inácio Lula da Silva.
As imagens captadas pelas câmeras de vídeo do prédio do promotor serão analisadas nesta semana. Para a Promotoria, a reprodução dos CDs do caso Santo
André é uma estratégia para atrapalhar o trabalho da acusação.
Anteontem, advogados de Gomes da Silva requisitaram à Justiça a inclusão do material no processo judicial. O objetivo, segundo a defesa, é levar para o processo um material "ao qual todos já
tiveram acesso".
O Ministério Público que, em
janeiro chegou a falar em "revalidar" as escutas, não aceita essa inclusão por entender que o material foi editado. Não há conversas
entre o ministro José Dirceu (Casa Civil) com o chefe-de-gabinete
de Lula, Gilberto Carvalho, cujo
celular, à época, estava grampeado. Os dois, segundo o próprio
Carvalho, se falavam todos os
dias. Os CDs omitem ainda diálogos entre jornalistas, advogados e
petistas. Há registro desses diálogos em documentos da Justiça.
O PT não concorda com o trabalho da Promotoria. Para o partido, a morte de Daniel foi crime
urbano -não existia a intenção
deliberada de matar o prefeito.
Os promotores concluíram que
Daniel foi morto ao tentar frear
um suposto esquema de corrupção na prefeitura. Parte do dinheiro, segundo testemunha, financiou campanhas políticas do partido -o que o PT nega.
Em janeiro, a Folha publicou
que, após a morte de Daniel, outras seis pessoas vinculadas ao crime foram assassinadas em circunstâncias não esclarecidas. Esses crimes estão sob investigação.
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