São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2005

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O REI DE MURICI

Além do que recebe e recebeu como parlamentar, senador afirma que administra propriedade da família

Renan diz que bens condizem com ganhos

DA ENVIADA ESPECIAL A MURICI (AL)

A uma semana de assumir a presidência da Casa, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), diz que seu patrimônio é "pormenorizadamente declarado", "com cheques, com fontes, com tudo".
"É tudo compatível com o que ganhei e ganho", afirma. "Eu me elegi deputado muito cedo, deputado estadual [1978, aos 23 anos]."
Pai de três filhos -Renan Filho, Rodolfo e Rodrigo- o senador diz que, há 15 anos (em 1990, era líder do governo Collor na Câmara), recorreu a um financiamento da Caixa Econômica Federal para pagar, em 12 anos, a ampla e arborizada propriedade que tem em Brasília. Com piscina, a casa ocupa um terreno de ponta de quadra -geralmente, os maiores- no valorizado Lago Sul.
Secretário da Educação de Collor (1988), Renan diz ter mantido o imóvel até 2003, quando o vendeu para investir na fazenda deixada pelo pai. Por isso diz ter, sim, uma "atividade privada": a administração da fazenda da família. "Eu transformei o investimento nesse ano [2003]. Vendi a casa e o apart-hotel. Transformei em investimento produtivo, em atividade agrícola", afirma.
Até então, ele sustentava a casa no Lago Sul, o apartamento de frente para o mar em Ponta Verde (AL) e um apart-hotel em Brasília, que diz ter comprado com a retirada das contribuições feitas ao instituto de aposentadoria do Congresso Nacional.

Longe da vida pública
Renan conservou o financiamento da casa em Brasília mesmo quando se afastou da capital, em seu mais agudo ostracismo. Sem apoio do presidente Fernando Collor de Mello -com quem brigou, deixando a liderança do governo após oito meses- perdeu a disputa pelo governo de Alagoas.
Fora do Legislativo por quatro anos, Renan conta ter montado uma agência de venda de buggy na avenida Fernandes Lima, em Maceió, mas não vingou.
"Foi o mais produtivo momento que vivi do ponto de vista do aprendizado", afirma.
Em 1993, com a saída de Collor, foi convidado pelo sucessor Itamar Franco para a vice-presidência-executiva da Petroquisa.
Em Maceió, adquiriu uma casa, de frente para o mar, na praia de Garça Torta, a nove quilômetros da capital. O imóvel, segundo ele, foi vendido para a compra do apartamento em Ponta Verde.
Renan é o mais velho de oito irmãos, incluídos os deputados Renildo (PC do B-PE) e Olavo Calheiros (AL). Seu pai, Olavo Calheiros Novaes, era vendedor de gado para abate e foi prefeito de Murici entre 1982 e 1988. Deixou como herança sua popularidade na cidade e a propriedade de 1.300 hectares, a fazenda Santa Rosa.
Renan não soube dizer os números da fazenda. Segundo Dimário Calheiros, a fazenda vende em média 130 animais por ano, a R$ 1.800 a arroba (255 quilos líquidos), o que valeria cerca de R$ 200 mil. Até 2004, quando administrava a propriedade, os gastos mensais com a fazenda eram de R$ 11,7 mil. O lucro era depositado na conta da mãe de Renan. Como é da família, seria, em tese, dividido entre os oito irmãos.

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