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O REI DE MURICI
Além do que recebe e recebeu como parlamentar, senador afirma que administra propriedade da família
Renan diz que bens condizem com ganhos
DA ENVIADA ESPECIAL A MURICI (AL)
A uma semana de assumir a
presidência da Casa, o líder do
PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), diz que seu patrimônio é "pormenorizadamente declarado", "com cheques, com
fontes, com tudo".
"É tudo compatível com o que
ganhei e ganho", afirma. "Eu me
elegi deputado muito cedo, deputado estadual [1978, aos 23 anos]."
Pai de três filhos -Renan Filho,
Rodolfo e Rodrigo- o senador
diz que, há 15 anos (em 1990, era
líder do governo Collor na Câmara), recorreu a um financiamento
da Caixa Econômica Federal para
pagar, em 12 anos, a ampla e arborizada propriedade que tem em
Brasília. Com piscina, a casa ocupa um terreno de ponta de quadra
-geralmente, os maiores- no
valorizado Lago Sul.
Secretário da Educação de Collor (1988), Renan diz ter mantido
o imóvel até 2003, quando o vendeu para investir na fazenda deixada pelo pai. Por isso diz ter, sim,
uma "atividade privada": a administração da fazenda da família.
"Eu transformei o investimento
nesse ano [2003]. Vendi a casa e o
apart-hotel. Transformei em investimento produtivo, em atividade agrícola", afirma.
Até então, ele sustentava a casa
no Lago Sul, o apartamento de
frente para o mar em Ponta Verde
(AL) e um apart-hotel em Brasília,
que diz ter comprado com a retirada das contribuições feitas ao
instituto de aposentadoria do
Congresso Nacional.
Longe da vida pública
Renan conservou o financiamento da casa em Brasília mesmo
quando se afastou da capital, em
seu mais agudo ostracismo. Sem
apoio do presidente Fernando
Collor de Mello -com quem brigou, deixando a liderança do governo após oito meses- perdeu a
disputa pelo governo de Alagoas.
Fora do Legislativo por quatro
anos, Renan conta ter montado
uma agência de venda de buggy
na avenida Fernandes Lima, em
Maceió, mas não vingou.
"Foi o mais produtivo momento que vivi do ponto de vista do
aprendizado", afirma.
Em 1993, com a saída de Collor,
foi convidado pelo sucessor Itamar Franco para a vice-presidência-executiva da Petroquisa.
Em Maceió, adquiriu uma casa,
de frente para o mar, na praia de
Garça Torta, a nove quilômetros
da capital. O imóvel, segundo ele,
foi vendido para a compra do
apartamento em Ponta Verde.
Renan é o mais velho de oito irmãos, incluídos os deputados Renildo (PC do B-PE) e Olavo Calheiros (AL). Seu pai, Olavo Calheiros Novaes, era vendedor de
gado para abate e foi prefeito de
Murici entre 1982 e 1988. Deixou
como herança sua popularidade
na cidade e a propriedade de 1.300
hectares, a fazenda Santa Rosa.
Renan não soube dizer os números da fazenda. Segundo Dimário Calheiros, a fazenda vende
em média 130 animais por ano, a
R$ 1.800 a arroba (255 quilos líquidos), o que valeria cerca de R$
200 mil. Até 2004, quando administrava a propriedade, os gastos
mensais com a fazenda eram de
R$ 11,7 mil. O lucro era depositado na conta da mãe de Renan. Como é da família, seria, em tese, dividido entre os oito irmãos.
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