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ANÁLISE
Severino, Dirceu e a imagem dos parlamentares
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A inflexão da avaliação do Congresso coincide com alguns fatos.
O primeiro deles foi a saída de Severino Cavalcanti (PP-PE), que
renunciou ao mandato e à presidência da Câmara em setembro
para não ser cassado. Entrou em
seu lugar um deputado discreto:
Aldo Rebelo (PC do B-SP).
O segundo fato, a cassação do
mais poderoso dos cassáveis, o
ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), em 1º de dezembro. Foi a punição de maior repercussão no
Congresso (no caso, na Câmara)
após explodir o "mensalão".
No início do ano, a convocação
extraordinária poderia ter causado apenas mais desgaste. Até causou, mas os parlamentares souberam dar uma resposta. Muitos recusaram o dinheiro extra pelos
poucos dias de trabalho em janeiro. Além disso, foi votada uma
medida que acaba com a remuneração extemporânea, além de reduzir o período de férias congressuais de 90 para 55 dias por ano.
Desde o início do caso do "mensalão", os congressistas ocupam
grande parte do noticiário. Nos
últimos meses, porém, souberam
produzir decisões para lustrar um
pouco a imagem da instituição.
Há apenas pouco mais de quatro meses como presidente da Câmara, Aldo enxerga também como positiva a aprovação da chamada MP do Bem, que reduziu
vários impostos, entre outras medidas. "A Câmara melhorará
sempre o nível de sua aprovação
quando incluir na sua agenda temas de interesse da população.
No caso do recesso e da convocação extraordinária, soubemos
responder às críticas sem atalhos:
cortamos o período de recesso e o
pagamento de salários extras."
Há também um fator correlato
na aprovação do Congresso: a
melhora na avaliação do governo
federal, que caminha ao lado de
senadores e de deputados.
O "mensalão" estava ligado tanto ao Executivo como ao Legislativo. Como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma melhora na sua avaliação, o eleitor deve
também ter concluído que o Congresso não é tão ruim assim.
Outra indicação que a pesquisa
Datafolha parece emitir é sobre a
satisfação que os brasileiros têm
quando o Congresso corta em sua
própria carne. Já foram cassados
Dirceu e Roberto Jefferson. As férias dos parlamentares foram cortadas. Os próximos passos são as
votações, na Câmara, dos outros
processos de cassação. A cada deputado ou senador cassado, o
Congresso melhora sua imagem.
A pesquisa Datafolha poderá
ser lida de duas formas pelos deputados. Como a imagem já está
menos pior, estão desobrigados
de cassar mais colegas. Ou justamente o oposto: é melhor mandar
mais gente para casa para tentar
melhorar ainda mais a avaliação.
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