São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS CORREIOS

Serraglio afirma que "lista de Furnas", supostamente elaborada pelo ex-diretor da estatal, é tema de investigação para outra CPI

Relator diz não ver razão para convocar Dimas

FERNANDA KRAKOVICS
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse ontem não ver motivos para convocar o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo para depor na comissão e, no curto prazo, o mesmo valeria para o publicitário Duda Mendonça.
Na última quinta-feira, governo e oposição fizeram um acordo e adiaram a votação dos requerimentos de convocação de ambos para esta semana. Dimas está sendo acusado de ter operado suposto caixa dois nas eleições de 2002 que teria beneficiado candidatos sobretudo do PSDB e do PFL.
"Isso não é assunto nosso, deveria ser investigado por uma CPI específica. Deviam colher assinaturas para montar uma CPI sobre esse assunto", disse Serraglio.
A Polícia Federal investiga a autenticidade de uma lista com os nomes de 156 políticos de 12 partidos que teriam recebido dinheiro de caixa dois em 2002. O documento, que é uma cópia, tem a assinatura do ex-diretor de Furnas.
Conhecida como a "lista de Furnas", o documento está cheio de erros factuais, tem inconsistências técnicas (mesmo para uma fotocópia) e só poderá algum dia ter sua veracidade avaliada se o original aparecer.
Em depoimento à PF, na semana passada, o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) confirmou ter recebido R$ 75 mil de Dimas, que nega as acusações.

Autenticidade
Tucanos e pefelistas têm chamado a lista de "novo dossiê Cayman", em referência a documentos sobre uma conta bancária de tucanos no exterior, que investigação demonstrou ser falso.
"Está me cheirando a dossiê Cayman com deputado petista no meio. Isso aqui vai acabar dando comissão de ética e cassação de mandato", afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), insinuando que deputados do PT estariam por trás da montagem e divulgação da lista.
Ele cobrou ontem uma declaração pública do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça). "Estou estranhando o silêncio do ministro Márcio Thomaz Bastos. Ele não vai fazer da PF uma polícia política. Estou esperando um pronunciamento do ministro."
Segundo o senador, Thomaz Bastos se encontrou com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), na semana passada, e teria afirmado que, na sua opinião, a lista era falsa. Os tucanos querem que o ministro diga isso publicamente ou autorize alguém da PF a fazê-lo.
"Isso está sendo investigado pela PF, do modo mais impessoal possível, não condenando antecipadamente nem absolvendo. A PF não persegue nem protege ninguém", disse Thomaz Bastos ontem, ressalvando não conhecer detalhes do inquérito. "Posso dizer que está sendo investigado, a PF ouviu um ex-deputado. Se é falsa ou não, não sei", disse ele.


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