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ELIO GASPARI
Seis petistas mostram a faca: plebiscitos
O tucanato faz qualquer coisa contra Lula, menos oposição. A eleição de Chinaglia
custará caro ao PSDB
A BANDA DO TUCANATO que patrocinou a vitória de Arlindo
Chinaglia na eleição para a
presidência da Câmara dos Deputados, não sabe o tamanho do mal que
fez à política, aos costumes e às instituições democráticas.
Para quem duvida, aqui vai um
trecho de documento divulgado há
dias por seis deputados federais petistas de São Paulo:
"Se o presidente da República pode editar medidas provisórias cada
vez mais sob o crivo de críticas por
seu vezo autoritário-, por que não
pode ele, sem este vício originário,
convocar plebiscitos sem autorização legislativa para decidir questões
de grande alcance nacional?"
Entre os signatários da peça estão
José Mentor (aquele da CPI do Banestado, mensaleiro absolvido pelos
seus pares) e Cândido Vacarezza um
dos principais articuladores da candidatura de Chinaglia.
Quais são as questões de grande
alcance nacional que os companheiros gostariam de ver resolvidas num
plebiscito? Pode haver outras, mas
dificilmente haverá alguém capaz de
defender o chamado a manifestações plebiscitárias sem que o direito
de Lula disputar o terceiro mandato
seja o primeiro item da consulta.
Surgido o ingrediente plebiscitário é preciso lembrar que antes dele
haviam-se acendido dois sinais. Primeiro a bem-sucedida negociação
do salário-mínimo com as centrais
sindicais, atribuindo ao Congresso o
papel de vaca de presépio. Nosso
Guia já deu sobejas demonstrações
de que considera as centrais um foro
melhor qualificado que o Parlamento para discutir matérias previdenciárias e salariais. Depois, a malograda proposta de Lula para que se discutisse a convocação de uma mini-Constituinte, a ser eleita nos primeiros meses deste ano.
Essas peças não fazem parte de
um jogo articulado, até porque todas
as grandes iniciativas petistas devem ser observadas descontando-se
a taxa de alopramento dos "altos
companheiros". No caso da mini-Constituinte, bastou uma curta entrevista do ex-ministro Célio Borja
para que os çábios debandassem,
dando o assunto por esquecido.
Mesmo assim, o sentido das propostas indica que uma banda petista
está desconfortável dentro da atual
moldura das instituições. Para um
ativista político que não tem compromisso com essas formalidades,
nada melhor do que um Congresso
avacalhado, com uma oposição desmoralizada.
O tucanato finge que não vê esses
movimentos porque está disposto a
fazer qualquer coisa contra Nosso
Guia, menos oposição. Ou melhor:
faz oposição, desde que não tenha
que botar a cara na vitrine. Por dever
de justiça, deve-se registrar que
FFHH está fora disso. Provavelmente é hoje o único oposicionista
do seu partido.
Pode-se argumentar que tucanos
como José Serra e Aécio Neves, não
devem hostilizar o palácio do Planalto, sob pena de prejudicar os interesses de São Paulo e de Minas Gerais. Tripla injustiça. Desmerece a
inteligência dos dois, a memória de
todos e ofende duas biografias muito caras aos grão-tucanos. Em 1984,
durante o governo do general João
Figueiredo, os governadores Franco
Montoro e Tancredo Neves fizeram
a campanha das Diretas Já, sem que
seus Estados sofressem represálias.
Será que Lula faz medo aos governadores? Serra estava no secretariado
de Montoro e Aécio é neto de Tancredo. Eles conhecem bem a história. Mesmo que quisessem, não conseguiriam esquecê-la.
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