|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia Federal investiga seu corregedor
Instituição apura se delegado responsável pela área que fiscaliza os colegas recebeu indevidamente dinheiro para viagens
Delegada designada para conduzir o caso também é alvo de investigação
semelhante, no Tribunal de Contas da União
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corregedor-geral da Polícia
Federal, delegado José Ivan
Guimarães Lobato, é investigado pelo próprio departamento
que comanda -que tem como
atribuição fiscalizar a conduta
dos funcionários da instituição.
Pesa contra ele a suspeita de
ter recebido indevidamente R$
27,6 mil, além de passagens aéreas e diárias, custeadas pela
PF, para viagens que incluíram
finais de semana e feriados.
As supostas irregularidades
constam de relatório produzido pela Divisão de Contra-Inteligência Policial da PF em 24 de
novembro de 2006, com base
em uma denúncia anônima. O
documento, obtido pela Folha,
levou a PF a abrir sindicância
no dia 26 de janeiro.
Delegada designada para
conduzir a investigação sobre a
conduta do colega, Neide Alvarenga antecedeu Lobato na
Corregedoria da PF.
Em 2005, ela foi transferida
de Brasília para Tocantins. Seu
processo de transferência também está sob análise do TCU
(Tribunal de Contas da União),
que avalia se houve alguma
"impropriedade" no pagamento de uma ajuda de custo de R$
35,5 mil que ela recebeu da PF
para levar seus dependentes
para o novo local de trabalho. A
dúvida é semelhante à do caso
de Lobato: se a família efetivamente se mudou ou não.
Segundo o relatório da área
de inteligência, em abril de
2000, quando foi transferido
de Brasília para Porto Velho,
Lobato recebeu o dinheiro para
"custear sua transferência e de
seus familiares [mulher e duas
filhas]" para Rondônia. Mas,
conforme a denúncia reproduzida no documento da investigação, as três teriam permanecido na capital federal.
A legislação não prevê a necessidade de familiares permanecerem indefinidamente no
destino para o qual o servidor
foi transferido. Por isso a prática, em relação a fatos ocorridos
até 2001, é tratada como "impropriedade" e não como "ilegalidade" pela CGU (Controladoria Geral da União).
O que se tem de mais claro
sobre esse tipo de procedimento está no decreto 4.004/2001,
que prevê a obrigatoriedade de
o servidor devolver recursos
recebidos como ajuda de custo
se não ocorrer o deslocamento
de seus dependentes ou se os
familiares ficarem menos de
três meses no novo domicílio.
Ao detectar pagamentos suspeitos de ajuda de custo, a CGU
avisa o TCU, que vai julgar diversas ocorrências detectadas
no serviço público federal em
maio deste ano -entre as quais
a relativa à delegada Neide.
O relatório lista também 12
ocasiões em que, entre 2004 e
2005, quando foi superintendente da PF em São Paulo, Lobato teria recebido passagens
aéreas e diárias para se deslocar rumo a Brasília. As viagens
incluem períodos de finais de
semana e feriados, como Ano
Novo e Independência.
Texto Anterior: Elio Gaspari: Seis petistas mostram a faca: plebiscitos Próximo Texto: Outro lado: Corregedor e delegada negam irregularidades Índice
|