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Vice pesa pouco na eleição, dizem analistas
"Costumo dizer que vice é Rubinho Barrichello. Quem dá bola para o vice?", diz cientista político Alberto Carlos Almeida
Para estudiosos, a definição do substituto na chapa serve para compor a base
de apoio do candidato, mas dificilmente muda o voto
MARIA CLARA CABRAL
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os últimos vices ficaram cerca de um ano no poder, assinaram leis e medidas provisórias.
Apesar disso, eles geralmente
não são apontados como um fator decisivo na eleição dos presidentes -ao contrário, são escolhidos sobretudo para reforçar a base de apoio da própria
classe política e da definição de
cargos, avaliam cientistas políticos ouvidos pela Folha.
O atual vice, José Alencar
(PRB-MG), ficou 426 dias como o homem mais forte do
país. É conhecido e ganhou carisma pela sua luta contra o
câncer, mas, fora isso, sempre
teve uma atuação discreta e
coordenada com o presidente
Lula, pouco se envolvendo na
formação dos governos e indicando apenas um ministro:
Mangabeira Unger (Secretaria
de Assuntos Estratégicos), que deixou o cargo no ano passado.
Em 2002, o empresário
Alencar foi escolhido para criar
um contraponto para a campanha do PT, um partido de esquerda: a intenção era "acalmar" a classe empresarial.
Para Jairo Nicolau, cientista
político e professor do Iuperj
(Instituto Universitário de
Pesquisas do Rio de Janeiro),
os eleitores não escolheram
Lula por causa disso. "O Alencar foi um elemento a mais na
campanha de 2002. Naquela
época, todo o marketing e toda
a imagem do Lula foram mudados. Até uma carta para o povo
brasileiro foi redigida para conquistar o voto do setor produtivo. A eleição não foi ganha só
por causa do Alencar", afirmou.
Na abertura dos trabalhos do
Congresso, na terça, o próprio
Alencar admitiu que o vice não
ganha voto. "Ninguém vota no
vice, eu só sou vice-presidente
por causa do Lula. O número que me elegeu foi o 13", disse.
Assim como Alencar, seu antecessor Marco Maciel (DEM-PE) foi discreto. Hoje senador,
o vice de Fernando Henrique
Cardoso exerceu a Presidência
85 vezes (339 dias). "Considero
importante a escolha do vice,
porque tem que ser alguém que
agregue força política na chapa", diz Maciel.
Além da composição da chapa e da base de apoio para as
votações no Congresso, a definição do vice é importante na
hora de agregar tempo de televisão, avaliam cientistas políticos. "Penso que [o vice] mais
provavelmente reforça a escolha ou agrega votos do que muda. Na política brasileira, o vice
geralmente é uma figura discreta. Por isso, sua presença
não tende a alterar a escolha
dos eleitores. A figura amplamente dominante é a do titular", afirma Leôncio Martins
Rodrigues, professor aposentado da Unicamp.
"Costumo dizer que vice é
Rubinho Barrichello. Quem dá
bola para o vice? O Brasil é um
país muito personalista. Interessa é quem vai mandar, e vice
não manda", diz o cientista político Alberto Carlos Almeida.
Colaborou ADRIANO CEOLIN,
da Sucursal de Brasília
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