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Guinada rumo ao centro levou sigla a ter dissidências
DA REPORTAGEM LOCAL
Na medida em que se deslocou para o centro e começou a
adotar a política de alianças,
ainda nos anos 80, o PT passou
a colecionar dissidentes.
As primeiras baixas, em 1985,
foram dos deputados Aírton
Soares, Bete Mendes e José Eudes, que discordaram da orientação partidária e decidiram
votar em Tancredo Neves no
Colégio Eleitoral -o PT havia
decidido não participar da votação. "De certa maneira, fizemos aquilo que o PT prega hoje", diz Soares.
Nas décadas seguintes, a
maior parte das dissidências
ocorreu em alas mais radicais e
à esquerda dentro do partido.
A ex-prefeita Marta Suplicy,
que participou da fundação do
partido no Colégio Sion, em
São Paulo, acredita que o PT
mantém bandeiras semelhantes às de 1980, além de ter incorporado novas lutas. "Partido é um organismo dinâmico",
diz. Para ela, o poder trouxe o
"contato com a realidade", e a
necessidade de ampliar o arco
de forças políticas. "A base do
PT ainda é de pessoas muito
idealistas", afirma.
Dentro do partido, entretanto, há críticas ao abandono de
objetivos históricos. "A chegada à Presidência e a governos
foi decorrência de um sistema
político eleitoral que não permite nem garante que o partido
possa desenvolver todas as suas
potencialidades ou cumprir os
seus programas como nós queríamos no início", diz o deputado estadual Raul Pont (RS), que
fez parte do primeiro diretório
nacional do partido.
"O PT sofreu no seu interior
o predomínio de uma maioria
mais disposta a não fazer o enfrentamento", critica. Sobre a
política de alianças, Pont defende o afastamento de partidos "oportunistas". "Não se pode ter o poder a qualquer custo.
Se o PT perder a capacidade de
atração, se ficarmos iguais, para
onde vão a juventude, os movimentos sociais?"
(AF)
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