São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

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Guinada rumo ao centro levou sigla a ter dissidências

DA REPORTAGEM LOCAL

Na medida em que se deslocou para o centro e começou a adotar a política de alianças, ainda nos anos 80, o PT passou a colecionar dissidentes.
As primeiras baixas, em 1985, foram dos deputados Aírton Soares, Bete Mendes e José Eudes, que discordaram da orientação partidária e decidiram votar em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral -o PT havia decidido não participar da votação. "De certa maneira, fizemos aquilo que o PT prega hoje", diz Soares.
Nas décadas seguintes, a maior parte das dissidências ocorreu em alas mais radicais e à esquerda dentro do partido.
A ex-prefeita Marta Suplicy, que participou da fundação do partido no Colégio Sion, em São Paulo, acredita que o PT mantém bandeiras semelhantes às de 1980, além de ter incorporado novas lutas. "Partido é um organismo dinâmico", diz. Para ela, o poder trouxe o "contato com a realidade", e a necessidade de ampliar o arco de forças políticas. "A base do PT ainda é de pessoas muito idealistas", afirma.
Dentro do partido, entretanto, há críticas ao abandono de objetivos históricos. "A chegada à Presidência e a governos foi decorrência de um sistema político eleitoral que não permite nem garante que o partido possa desenvolver todas as suas potencialidades ou cumprir os seus programas como nós queríamos no início", diz o deputado estadual Raul Pont (RS), que fez parte do primeiro diretório nacional do partido.
"O PT sofreu no seu interior o predomínio de uma maioria mais disposta a não fazer o enfrentamento", critica. Sobre a política de alianças, Pont defende o afastamento de partidos "oportunistas". "Não se pode ter o poder a qualquer custo. Se o PT perder a capacidade de atração, se ficarmos iguais, para onde vão a juventude, os movimentos sociais?" (AF)


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