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DATAFOLHA
Aprovação às medidas adotadas há quatro anos cai, mas ainda supera a rejeição a elas entre os brasileiros
Plano Real obtém pior avaliação desde 1994
da Reportagem Local
O Plano Real
obteve na semana passada sua
pior avaliação
nacional desde
que foi implantado, em 1994.
Porém, os brasileiros que aprovam o plano econômico (34%) ainda superam aqueles que o rejeitam (29%). Outros
35% consideram o real regular.
Na comparação com a pesquisa
nacional anterior, feita pelo Datafolha em dezembro do ano passado, o percentual de aprovação do
plano despencou 27 pontos percentuais: caiu de 61% para 34%.
A perda de apoio do plano só não
foi maior porque 37% das pessoas
que estudaram até o 1º grau (a
maioria da população) ainda o
consideram bom ou ótimo. Entre
os que têm diploma de nível superior, por exemplo, esse percentual
é de apenas 26%.
Esse é um dos motivos pelos
quais a popularidade do real continua superior à do presidente Fernando Henrique Cardoso. Há 13%
de pessoas que consideram o plano ótimo ou bom, mas que qualificam o governo como ruim ou péssimo.
Na maioria das regiões do país o
real ainda tem uma avaliação mais
positiva do que negativa. A única
exceção é o Sul, onde há um empate técnico entre os que o aprovam
(31%) e os que o rejeitam (34%).
O mesmo acontece nas regiões
metropolitanas (28% de ótimo e
bom contra 31% de ruim e péssimo), áreas que concentram grande
parte das maiores cidades do país,
onde o desemprego é mais alto.
Junto com a perda de apoio ao
plano do governo, cresceu a desconfiança da população em relação à economia. Para 68% dos brasileiros a inflação vai aumentar daqui para frente.
Esse percentual vem crescendo
desde setembro do ano passado.
No início daquele mês os pessimistas em relação ao comportamento
dos preços eram 32%. Em dezembro, eram 48%.
O salto de 20 pontos percentuais
registrado na pesquisa feita na semana passada deve-se, em boa
parte, à percepção da população
que os preços já estão subindo.
Chega a 81% o percentual de brasileiros que afirmam ter percebido
o aumento do preço de alguma
mercadoria na última semana.
O mesmo pessimismo é verificado em relação ao desemprego. Para 72% dos entrevistados ele vai
aumentar. É o maior percentual já
registrado pelo Datafolha, só comparável aos 70% observados em
dezembro de 1997, quando a taxa
de desemprego nas principais cidades do país deu um salto.
Embora a preocupação com o
problema seja geral, ela é mais
acentuada entre as pessoas com 25
a 40 anos, entre os que têm nível
superior, entre os moradores do
Sudeste e entre aqueles que vivem
nas regiões metropolitanas.
Combinando o pessimismo em
relação à inflação e ao desemprego, 48% dos brasileiros avaliam
que seu poder de compra vai diminuir. Esse percentual era de 37%
em dezembro último.
Outros 29% acham que o poder
de compra dos salários vai continuar como está, e apenas 17% acreditam que ele vai aumentar. Essa
última taxa já chegou a ser de 41%
em dezembro de 1994.
Como resultado de todas essas
preocupações, saltou de 34% para
50% o percentual de brasileiros
que prevêem que a situação econômica do país vai piorar nos próximos meses.
Esse clima pessimista é menor,
entretanto, quando a pergunta se
remete à situação econômica pessoal do entrevistado. Os que
acham que vão piorar de vida se
equivalem aos que acham que vão
melhorar: 30% em ambos os casos.
Outros 38% acreditam que sua
condição econômica vai permanecer como está.
Apesar desse sinal menos negativo, a pesquisa captou uma deterioração nas previsões pessoais dos
brasileiros. Em dezembro, os que
achavam que sua situação ia piorar
eram apenas 20%.
Isso se reflete também nos planos dos brasileiros. Aqueles que
pretendem diminuir as compras
que estavam planejando devido ao
aumento das taxas de juros chegam a 55%. Essa tendência é maior
entre os mais escolarizados e entre
os que têm renda mais alta.
O motivo mais provável para esse comportamento da elite é que
são justamente esses segmentos os
mais bem informados sobre o aumento das taxas de juros: 91% dos
que têm nível superior e 82% dos
que ganham mais de 20 salários
mínimos sabem que elas subiram,
contra 56% na média da sociedade.
A maioria dos brasileiros não
tem dúvidas sobre quem é o culpado pela situação econômica: 59%
acham que, apesar de a crise ser
mundial e de o Congresso ter contribuído para que ela ocorresse, o
governo federal é o principal responsável porque não soube proteger o real.
Mais do que isso, 65% dos entrevistados acreditam que a crise fugiu ao controle do presidente. Só
28% ainda acreditam que FHC está
conseguindo controlá-la.
A maioria dos brasileiros é contrária à liberação do câmbio
(66%). Chegam a 48% os que acreditam que a desvalorização do real
vai aumentar o desemprego e a inflação. As previsões da população
em relação ao câmbio são, na
maior parte, pessimistas. Para 41%
a cotação do dólar vai subir, para
26% ela vai cair, e para 27%, vai ficar como está.
(JRT)
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