São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2001

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Trajeto de São Paulo ao cemitério do Paquetá, em Santos, deverá levar cinco horas; prefeito da cidade planeja dar o nome do governador a avenida e construir estátua em sua homenagem

Enterro terá salva de tiros

DA REPORTAGEM LOCAL
E DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O governador Mário Covas será enterrado hoje em Santos (72 km de SP), onde nasceu, com honras militares. Segundo a assessoria do governo, 180 pessoas deverão acompanhar o sepultamento.
Na cerimônia, prevista para ocorrer no início da tarde, no Cemitério do Paquetá, no centro da cidade, onde estão sepultados seu pai e a filha Sílvia, morta em 1976, não estão planejados discursos.
O corpo de Covas deverá deixar o Palácio dos Bandeirantes, em carro aberto, por volta das 9h, escoltado por policiais a cavalo. No caminho para Santos, o cortejo passará em frente ao obelisco em honra aos heróis da Revolução de 1932, onde ocorrerá a troca da escolta a cavalo pela motorizada.
O cortejo também passará em frente à Assembléia Legislativa de São Paulo, onde deverá haver uma manifestação organizada por seu partido, o PSDB. Não há previsão de o corpo ser levado para o interior da Assembléia.
Covas seguirá então diretamente para Santos, passando pelas rodovias dos Imigrantes e Anchieta. Em Santos, haverá nova troca de escolta -voltará a ser a cavalo.

Honras militares
A primeira parada na cidade litorânea será na praça José Bonifácio, na região central, onde o governador receberá as honras militares. A cerimônia estará a cargo do pelotão de honras fúnebres da Polícia Militar, com 36 cadetes. Haverá uma salva de 21 tiros.
O cortejo seguirá então para o cemitério. Da saída do Palácio dos Bandeirantes à chegada ao cemitério, levará cinco horas.
O enterro deve ser acompanhado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e por outras autoridades, incluindo o presidente Fernando Henrique Cardoso. De São Paulo, ele embarcará num helicóptero para Santos. A previsão do Palácio do Planalto é que ele chegue à cidade às 13h30.
Após acompanhar o enterro, que a assessoria presidencial estima que ocorrerá entre as 14h e as 15h, FHC retorna a São Paulo e, depois, volta a Brasília.
Estão confirmadas as presenças do ministro José Serra (Saúde), de Aécio Neves (presidente da Câmara), de Teotônio Vilela Filho (presidente do PSDB) e dos líderes tucanos Marcio Fortes e Sérgio Machado.
O centro de Santos, cidade natal de Mário Covas, vai parar a partir das 9h de hoje, quando nove das principais ruas do bairro serão interditadas para a passagem do cortejo fúnebre do governador.
Uma multidão é aguardada. A Polícia Militar colocará nas ruas da região 500 homens -o batalhão de Santos possui um efetivo de 700- convocados de várias unidades da Baixada Santista.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) reservou vagas para carros de autoridades na avenida São Francisco, uma das que serão fechadas. A Ecovias (concessionária do sistema Anchieta-Imigrantes) implantará o sistema 4 x 3 (duas faixas da Anchieta e duas da Imigrantes com mão de direção para o litoral), a fim de facilitar a descida da serra.
O corpo de Covas deve chegar à cidade escoltado por motociclistas da PM. Na avenida São Francisco, os motociclistas entregarão a guarda ao Regimento de Cavalaria. Em um carro aberto do Corpo de Bombeiros, o caixão será levado à praça José Bonifácio, onde Covas receberá honras militares.
Após a cerimônia, o cortejo prosseguirá até o cemitério do Paquetá, interditado ao público desde a manhã de ontem devido aos preparativos para o enterro.
No túmulo da família Covas, uma sepultura preta, de número 339, no jazigo 20, já foram enterrados o pai do governador, Mário Covas, a filha Sílvia, morta no Guarujá em acidente de moto em 1º de janeiro de 1976, a irmã, Marina, o avô, Jesus Covas Perez, e o tio Jesus Covas Filho.
Inaugurado em 1853, o Paquetá é o primeiro cemitério público de Santos, onde estão os túmulos das mais tradicionais famílias locais e de personalidades como os poetas Martins Fontes e Vicente de Carvalho, o pintor Benedicto Calixto e os prefeitos eleitos (que não chegaram a tomar posse) Luiz La Scala e Esmeraldo Tarquínio.
Em Santos, a informação é que o enterro será acompanhado por 1.500 pessoas credenciadas, diferentemente do informado pelo Estado. O prefeito Beto Mansur (PPB) enviaria ontem à noite à Câmara projeto de lei que dá o nome de Governador Mário Covas à atual avenida Portuária, que margeia parte do porto de Santos.
A prefeitura também anunciou a construção de uma estátua do governador. Ontem foi decretado na cidade luto oficial de oito dias e ponto facultativo nas repartições.
Para as 21h30 de ontem estava prevista uma missa de corpo presente celebrada pelo arcebispo dom Cláudio Hummes, com a participação da Orquestra Sinfônica do Estado e seu coro.


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