São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Mr. da Silva

Na escalada do "Jornal da Band":
- Ingleses decoram ruas de Londres para receber Lula.
E os jornais vão pelo mesmo caminho. Como noticiou a BBC Brasil logo de manhã e ecoou na cobertura eletrônica, da Folha Online à rádio Jovem Pan, eles seguem a revista "Economist" no louvor a Lula. Dois já deram editoriais.
O conservador "Times", do empresário Rupert Murdoch, saudou até mesmo o "pioneiro programa antipobreza, o Bolsa-Família, dado como exemplar pelo Banco Mundial".
O texto, intitulado "Gigante emergente", argumentou que os britânicos têm que dar atenção ao país para além da Copa. O Brasil "será muito mais do que superpotência de futebol".
O "Independent", de centro-esquerda, concentrou-se no que classificou como "Terceira via do presidente Lula", título de seu editorial. Como o "Times", sublinhou que os britânicos têm que dar mais atenção e, citando proporções geográficas e outras, derreteu-se:
- Mas não é só questão de o grande ser belo. O que é mais notável no país é o experimento que Lula e PT têm conduzido na economia, buscando encontrar uma linha intermediária entre o anticapitalismo de Chávez e a aceitação do FMI.
Lula "não levou o país à ruína, como previam muitos profetas do apocalipse":
- Pelo contrário, sua Terceira Via obteve até aqui realizações impressionantes. Diminuiu a distância entre ricos e pobres e reduziu a proporção daqueles que vivem na pobreza -e tudo sem levar as classes médias e os investidores ao pânico.
Por aí foi. De escândalo, nada. Ele foi mencionado nos perfis de Lula nos mesmos dois jornais e no "Financial Times", mas não foi diferente o tom.
Os textos traziam entrevistas simpáticas a Lula, entre outros, do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos.
 
Em dois outros textos, o "FT" tratou das conversas comerciais globais, foco maior da visita do "carismático presidente".
Em especial, o jornal destacou empecilhos à abertura do setor de serviços. É a maior cobrança feita a Brasil e outros países em desenvolvimento, mas enfrenta oposição forte nos EUA, por exemplo, quanto aos portos -objeto de revolta, dias atrás, no Congresso.
Outro jornal londrino, "Daily Telegraph", foi além e chegou a denunciar que as pressões por abertura nos serviços, lideradas pelo primeiro-ministro Tony Blair, poderiam "prejudicar o Terceiro Mundo".
O encontro de Lula e Blair amanhã e a reunião ministerial do final de semana, com Brasil, EUA, Índia e outros, são dados como cruciais tanto em Londres como por aqui.
Segundo o "Valor", ontem em manchete, o país leva ao Reino Unido acordos prévios em áreas como a mineração, para agradar corporações européias. Mas vai cobrar mais corte nos subsídios. E desta vez, noticia o "Valor", a Europa "acena com concessões agrícolas".

E TOME ETANOL

Era de esperar, sob tantos elogios dos jornais e revistas em Londres, que Lula terminasse por ocupar ele próprio as páginas. É o que se vê na edição de hoje do "Guardian" -desde ontem no ar, no site do jornal.
E nada de negociações comerciais ou Bolsa-Família. Como adiantou o "Valor" ontem, o interesse em comum é o etanol, que Lula e Blair querem estimular na África, e o biodiesel. Em destaque no artigo de Lula, sob o título "Junte-se ao Brasil em plantar óleo":
- Somente soluções radicais conseguirão superar a crise energética e ambiental, ao mesmo tempo em que promovem a igualdade.

Reprodução
No canal de notícias da BBC, o correspondente do Brasil ainda vivia ontem "a maior festa do mundo" -com a derrota da Rocinha (à esq.) e os temas do ano no desfile, como Hugo Chávez e a América Latina

Vácuo
E voam as penas.
Diante da manchete da Folha Online para o blog de Josias de Souza, "Geraldo Alckmin faz as contas e julga ter maioria do PSDB", não demorou e entrou a manchete do UOL, para o blog de Fernando Rodrigues, "Vácuo tucano faz PFL voltar a falar em candidatura própria".
Não que qualquer blog levasse a sério a ameaça.

Bondades
Enquanto os tucanos não se acertam, Lula ocupa manchetes com o seu "saco de bondades", no dizer do SBT.
Na Record, "Assinada medida que permite descontar o INSS das empregadas". No "Jornal Nacional", "Medida incentiva o registro em carteira".

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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