|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÁQUINA PÚBLICA
Nova proposta prevê aumento acima da inflação para mais 300 mil servidores; objetivo é evitar paralisação geral
Com greve iminente, governo amplia reajuste
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para evitar greve geral do funcionalismo, o governo, alegando
novo excesso de arrecadação em
março, resolveu melhorar a proposta de reajuste aos servidores
públicos. Agora, 905.848 funcionários ativos e aposentados terão
aumentos acima da inflação acumulada em 2003 -9,3%, segundo o IPCA (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo).
O novo reajuste atinge a maior
parte da categoria, que hoje soma
1,4 milhão de servidores.
No dia 30 de março, o governo
já havia proposto reajustes salariais diferenciados acima da inflação para quase 600 mil funcionários. Naquele anúncio, os aposentados teriam reajustes menores, o
que irritou seus representantes.
Com greve inicialmente marcada
para o próximo dia 18, o governo
resolveu melhorar a proposta.
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, não disse quanto
foi arrecadado a mais em março,
mas afirmou que "há muita segurança sobre isso [o aumento]".
Nesse mês foi paga a primeira
parcela da Cofins (Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social) não-cumulativa.
O governo tem dito que não vai
elevar a carga tributária, mas o excesso de arrecadação no ano, até
fevereiro, já chega a R$ 2 bilhões.
Com a nova proposta, os aposentados, que receberiam reajuste
de cerca de 7%, agora terão de
9,5% a 29,38%, dependendo da
categoria. Segundo Mantega, para
ganhar os reajustes, cada categoria terá que assinar um acordo em
separado com o governo. A medida facilita o esvaziamento da greve geral. "Esse é o limite que o governo tem. O acordo é excelente,
tendo em vista a escassez de recursos", disse o ministro.
Divisão
Ontem, já era possível notar divisão entre servidores. O representante da Fasubra (Federação
de Sindicatos de Trabalhadores
das Universidades Brasileiras) Vicente Neto disse que a proposta é
insuficiente, pois não repõe perdas e mantém diferenciação entre
reajuste de ativos e aposentados.
A Fasubra é ligada à CUT (Central
Única dos Trabalhadores).
Lúcia Reis, da Executiva Nacional da CUT, destacou que houve
um "avanço" na oferta do governo. Houve melhora até para os da
ativa, que teriam um máximo de
29,38% pela outra proposta, e
agora receberão até 32,27%.
Um servidor do PCC (Plano de
Cargos e Carreira), que ganha hoje de R$ 735,62 a R$ 1.911,79, passará a ganhar de R$ 910,48 a R$
2.157,45 mensais. A categoria, que
reúne servidores da área administrativa, tem 393 mil pessoas.
A proposta apresentada na semana passada custava R$ 1,5 bilhão em 2004, sendo que o reajuste deverá ser efetivado a partir de
maio. Agora, a conta vai aumentar cerca de R$ 500 milhões.
Segundo Mantega, não existe
nenhuma discussão no governo
sobre o reajuste dos militares.
"Em 2000 foi dado um aumento
significativo e, no momento, não
existe negociação com os militares". Mantega lembrou que os militares estão em uma situação diferenciada e que são proibidos
por lei de fazer greve.
Texto Anterior: Ex-presidente ironiza "espetáculo" Próximo Texto: Aliados acham que mínimo não vai ser dobrado Índice
|