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CAMPO MINADO
Para dono da Veracel Celulose, ação de Lula tem de ser "enérgica"
Para empresa, invasão pode criar "dúvida" em investidor
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O presidente da Veracel Celulose, Vítor Manoel da Costa, 56, disse ontem que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva precisa tomar
uma "ação enérgica" para acabar
com as invasões de propriedades
particulares, por parte do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
"O presidente precisa agir com
rigor e rapidez, sob pena de criar
dúvida e preocupação para investidores estrangeiros que estão dispostos a fazer alguma coisa no
Brasil", disse o empresário.
Anteontem, cerca de 2.500 agricultores do MST invadiram parte
de uma fazenda da Veracel, uma
das maiores empresas de celulose
do país. Nas últimas 24 horas, os
sem-terra ampliaram a invasão.
"Eles já ocupam 25 hectares. Para uma empresa que tem 95 mil
hectares, a área invadida não significa muita coisa. No entanto, somos produtivos, não vamos aceitar a ação do MST."
Ontem, a Justiça de Porto Seguro (705 km ao sul de Salvador), cidade onde está localizada a fazenda invadida, determinou a imediata saída dos sem-terra da área.
Segundo Costa, 3.000 famílias
(cerca de 12 mil pessoas) de agricultores já estão dentro da fazenda da Veracel. "Além de agir com
rigor, o presidente Lula precisa
criar condições para evitar a proliferação de problemas sociais no
Brasil. Eu respeito a ação e a origem do MST. Afinal, o desemprego, a pobreza e a modernização da
agricultura eliminaram milhares
e milhares de postos de trabalho
em todo o país", disse.
De acordo com Costa, os sem-terra e a Veracel sempre tiveram
uma "boa convivência". "Eles
montaram um acampamento
muito próximo à empresa, eles
pegavam água em nossas fazendas." Para o executivo, a invasão
foi "uma grande jogada de marketing do MST".
Investimento
Maior empreendimento privado lançado durante o governo Lula, a Veracel Celulose está investindo US$ 1,25 bilhão na construção de uma fábrica em Eunápolis,
extremo sul da Bahia.
Em plena capacidade de operação, o que deve ocorrer em maio
do próximo ano, a fábrica vai processar cerca de 900 mil toneladas
por ano de celulose. A empresa
anunciou também que o empreendimento deverá gerar 3.000
empregos diretos.
Ontem à tarde, o principal líder
do MST baiano, Walmir Assunção, disse que as invasões de terra
vão continuar em todo o Estado
nos próximos dias.
"Não existe mais a possibilidade
de recuo. O que queremos é terra
para trabalhar", afirmou o líder
do movimento.
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