São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2004

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Movimentos marcam dia com manifestações e invasões

DA AGÊNCIA FOLHA

O dia de ontem foi marcado por uma série de manifestações em Pernambuco, Alagoas, São Paulo e Rio Grande do Sul, com o objetivo de pressionar o governo para acelerar a reforma agrária.
Em Pernambuco, houve invasões de propriedade e da sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), bloqueio de rodovia e acampamentos à beira de estrada.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizou, na madrugada de ontem, a 21ª invasão de terra desde que começou em março a "jornada de luta" -nome que o movimento deu às invasões. O engenho Mãe de Deus, em Cortês, foi invadido por 180 famílias, segundo o MST.
Cerca de 400 trabalhadores ligados à Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco) invadiram o Incra em Recife. No início da noite, deixaram o local. A entidade tem 21 acampamentos no Estado.
O MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade) montou dois acampamentos à beira da BR-60. Segundo a coordenação no Estado, o MTL já possui 34 acampamentos, com 2.600 famílias.
A OLC (Organização da Luta no Campo) bloqueou por quatro horas a BR-232, perto de Pombos. Segundo a assessoria da PM, cerca de 500 manifestantes participaram do bloqueio.

RS, SP e AL
No Rio Grande do Sul, o MST e o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) protestaram ontem com caminhadas, bloqueio de rodovias e a invasão de um supermercado -sem saques.
A Via Campesina, da qual fazem parte o MST e o MPA, pediu bolsa-estiagem de R$ 300 por mês e renegociação de dívidas. O MST e o MPA, em Porto Alegre e Nova Santa Rita, pediram a entrega de cestas básicas a acampados que esperam assentamentos. O governo gaúcho se comprometeu a repassar alimentos. Houve protestos em Bagé, Pelotas, Erechim, Ijuí, Sarandi e Santa Cruz do Sul.
O coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro, afirmou ontem, em Presidente Prudente (SP), que as invasões de terra são uma forma de "ajudar o governo Lula" a fazer reforma agrária. A declaração foi dada em discurso na praça da cidade a cerca de 2.500 sem-terra, segundo a Polícia Militar, que concluíram duas marchas de seis dias, de 100 km, no Pontal do Paranapanema.
Apesar de o ato ter sido realizado para protestar contra o governo de São Paulo pela "lentidão" na reforma agrária e o projeto de regularização fundiária regulamentado pelo Estado, não faltaram críticas ao governo Lula.
No interior de Alagoas, o MST anunciou a invasão de duas fazendas -ontem, em Quebrângulo, e na sexta, em Atalaia.
Em Quebrângulo, segundo o Incra, a área foi considerada produtiva em vistoria de 2003. Em Atalaia, a propriedade estaria em processo de desapropriação.


Colaboraram a Agência Folha, em Porto Alegre e em Presidente Prudente

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