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Máquina pode produzir urânio para bomba
CHICO SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A RESENDE (RJ)
As máquinas de ultracentrifugação da fábrica de enriquecimento de urânio da estatal
INB (Indústrias Nucleares do
Brasil), em Resende (160 km do
Rio), podem servir tanto para
enriquecer urânio para fins pacíficos como para fazer uma
bomba atômica. O equipamento foi desenvolvido e é fabricado pela Marinha e pelo Ipen
(Instituto de Pesquisas Energéticas de São Paulo).
"A máquina é a mesma, o que
muda é o processo", disse Carlos Passos Bezerril, diretor de
Enriquecimento da INB, ontem, durante visita de jornalistas à fábrica. Segundo Bezerril,
para fazer urânio para bombas
são necessárias mais máquinas, agrupadas em seqüência
(o produto cada vez mais enriquecido vai passando de uma
centrífuga para outra).
É preciso também que elas girem em muito maior velocidade que a necessária para o enriquecimento do produto para
fins pacíficos. Essa velocidade
alta, segundo o executivo, só
pode ser conseguida com um
material de alta qualidade. O
INB não informou se a qualidade do seu material -um dos
segredos guardados pelo governo brasileiro- permite
atingir tal velocidade.
Bezerril e o diretor de Produção de Combustível da INB, Samuel Fayade, afirmaram que
não há risco de a empresa mudar clandestinamente a produção de urânio enriquecido para
geração de energia elétrica
(teor máximo de 5% de urânio-235) e fabricar urânio para uma
bomba (teor de 95%). Segundo
Bezerril, a licença da fábrica
brasileira permite o enriquecimento a até 4,99%.
Quando a fábrica começar a
produzir, o que está previsto
para outubro deste ano, as
agências de inspeção deverão
ter câmaras e detectores de teor
de urânio em pontos estratégicos do processo produtivo.
Os inspetores podem chegar
a até 20 centímetros das máquinas, o que significa estarem
diante dos tapumes que cobrem os equipamentos.
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