São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2005

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BC SOB PRESSÃO

Henrique Meirelles não dá declarações sobre pedido de inquérito

Investigação deixa governo preocupado

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As investigações pedidas anteontem pela Procuradoria Geral da República sobre o patrimônio do presidente do Banco Central deixaram preocupados a cúpula do governo e Henrique Meirelles. Por ora, está descartada a saída dele do cargo.
Em conversas reservadas ao longo do dia de ontem, Meirelles se mostrou contrariado com o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, que encaminhou ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedido de abertura de inquérito para investigá-lo. Ele não esperava isso.
Diante dessa reação, membros do governo buscaram acalmá-lo, pedindo paciência para dar explicações ao STF, ao Ministério Público, ao Congresso e à imprensa. Até o fechamento desta edição, o presidente do BC não havia dado declarações públicas.
Anteontem, ele disse encarar a atitude de Fonteles com "tranqüilidade e serenidade" e ressaltou que não cometeu irregularidades na vida pública e profissional.
Em meados de 2004, quando foi alvo de denúncias, Meirelles ameaçou deixar o posto, se julgando perseguido pela imprensa e por supostos inimigos na política e no mercado financeiro.
Naquela época, Lula editou uma MP (medida provisória) sob pressão de Meirelles para dar a ele status de ministro e, conseqüentemente, o foro privilegiado. Ou seja, poder ser processado apenas por iniciativa do procurador-geral da República e responder juridicamente apenas no STF. Era uma forma de proteger Meirelles. Outro complicador: a validade da MP está em análise no STF.

Sigilos fiscal e bancário
Reservadamente, Meirelles tem resistido a abrir por iniciativa própria seus sigilos fiscal e bancário. As investigações farão isso em parte (fiscal). A membros do governo, ele disse que não gostaria de ver expostos publicamente detalhes de seu patrimônio. Usou tal argumento em resposta aos conselhos de se antecipar e dar explicações ao Congresso antes do avanço das novas apurações.
Meirelles alega que são velhas as suspeitas que constam do pedido de abertura de inquérito feito pelo procurador-geral. Diz que, no mérito, as acusações são as mesmas feitas em 2004 e que não serão constatadas ilegalidades em declarações à Receita Federal nem em suas operações financeiras do tempo em que vivia no exterior.
Setores do governo dizem que o pedido de Fonteles foi uma forma de mostrar independência do Executivo pouco antes de deixar o cargo, o que deve acontecer em breve. Outros setores, porém, avaliam que, se foi feito o pedido, é porque haveria base nas suspeitas, o que desperta preocupação.
O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, disse: "O presidente do Banco Central já se posicionou sobre essas informações. A investigação pode esclarecer mais. Ele tem a confiança do presidente da República e tem de continuar trabalhando".


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