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BC SOB PRESSÃO
Henrique Meirelles
não dá declarações sobre pedido de inquérito
Investigação deixa governo preocupado
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As investigações pedidas anteontem pela Procuradoria Geral
da República sobre o patrimônio
do presidente do Banco Central
deixaram preocupados a cúpula
do governo e Henrique Meirelles.
Por ora, está descartada a saída
dele do cargo.
Em conversas reservadas ao
longo do dia de ontem, Meirelles
se mostrou contrariado com o
procurador-geral da República,
Claudio Fonteles, que encaminhou ao STF (Supremo Tribunal
Federal) pedido de abertura de inquérito para investigá-lo. Ele não
esperava isso.
Diante dessa reação, membros
do governo buscaram acalmá-lo,
pedindo paciência para dar explicações ao STF, ao Ministério Público, ao Congresso e à imprensa.
Até o fechamento desta edição, o
presidente do BC não havia dado
declarações públicas.
Anteontem, ele disse encarar a
atitude de Fonteles com "tranqüilidade e serenidade" e ressaltou
que não cometeu irregularidades
na vida pública e profissional.
Em meados de 2004, quando foi
alvo de denúncias, Meirelles
ameaçou deixar o posto, se julgando perseguido pela imprensa
e por supostos inimigos na política e no mercado financeiro.
Naquela época, Lula editou
uma MP (medida provisória) sob
pressão de Meirelles para dar a ele
status de ministro e, conseqüentemente, o foro privilegiado. Ou
seja, poder ser processado apenas
por iniciativa do procurador-geral da República e responder juridicamente apenas no STF. Era
uma forma de proteger Meirelles.
Outro complicador: a validade da
MP está em análise no STF.
Sigilos fiscal e bancário
Reservadamente, Meirelles tem
resistido a abrir por iniciativa
própria seus sigilos fiscal e bancário. As investigações farão isso em
parte (fiscal). A membros do governo, ele disse que não gostaria
de ver expostos publicamente detalhes de seu patrimônio. Usou tal
argumento em resposta aos conselhos de se antecipar e dar explicações ao Congresso antes do
avanço das novas apurações.
Meirelles alega que são velhas as
suspeitas que constam do pedido
de abertura de inquérito feito pelo
procurador-geral. Diz que, no
mérito, as acusações são as mesmas feitas em 2004 e que não serão constatadas ilegalidades em
declarações à Receita Federal nem
em suas operações financeiras do
tempo em que vivia no exterior.
Setores do governo dizem que o
pedido de Fonteles foi uma forma
de mostrar independência do
Executivo pouco antes de deixar o
cargo, o que deve acontecer em
breve. Outros setores, porém,
avaliam que, se foi feito o pedido,
é porque haveria base nas suspeitas, o que desperta preocupação.
O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, disse: "O presidente do Banco Central já se posicionou sobre essas informações.
A investigação pode esclarecer
mais. Ele tem a confiança do presidente da República e tem de
continuar trabalhando".
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