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CAMPO MINADO
Em sessão tumultuada, parlamentares aprovaram investigação na UDR e em associação ligada ao MST
CPI quebra sigilos de ruralistas e sem-terra
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI da Terra no Congresso
aprovou ontem, em sessão tumultuada, a quebra dos sigilos
bancário e fiscal de duas entidades adversárias no conflito agrário: a UDR (União Democrática
Ruralista) e a Anca (Associação
Nacional de Cooperação Agrícola), considerada o braço financeiro do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Além disso, foram aprovadas as
quebras de sigilos bancário, fiscal
e telefônico de três fazendeiros.
Dois deles são citados na investigação do assassinato da missionária Dorothy Stang no Pará: Luiz
Ungaratti e Yoaquim Pretola. O
último, Manoel Domingues Paes
Neto, estaria envolvido na criação
de milícias armadas de fazendeiros contra os sem-terra no Pontal
de Paranapanema, em São Paulo.
A quebra de sigilo da UDR correu com tranqüilidade. Na votação relativa à Anca, houve confusão. A bancada do PT tentou obstruir a votação, esvaziando a sessão. O partido considerou que
não houve quórum para acatar a
decisão a favor da quebra. Porém,
havia dúvidas regimentais.
O PT pretende obter pareceres
das comissões de Constituição e
Justiça da Câmara e do Senado
para tentar invalidar a decisão.
Os favoráveis à quebra do sigilo
da Anca consideram que podem
haver recursos públicos e de doações estrangeiras que estejam sendo utilizados para financiar invasões, além de sonegação fiscal.
"É uma movimentação milionária. Para onde vai, onde é aplicado o dinheiro dos convênios
com o governo?", questionou o
deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS). Em seis anos, o MST movimentou cerca de R$ 30 milhões,
dos quais um terço saiu do Tesouro Nacional durante o governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
O MST não é constituído legalmente, mas está ligado à Anca e à
Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do
Brasil) -cujo sigilo já foi quebrado no ano passado.
No caso da UDR, que não recebe financiamento público, os parlamentares querem verificar detalhes sobre a arrecadação de recursos e se há envolvimento financeiro na compra de armas e financiamento de milícias de fazendeiros.
Dorothy
Os dois fazendeiros que também tiveram o sigilo quebrado
são ligados à investigação da morte da missionária Dorothy Stang.
Os nomes foram colhidos em depoimentos do caso, inclusive de
depoimentos antigos da própria
Dorothy na CPI e na Polícia Federal no ano passado.
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