São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2005

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TERRA SEM LEI

Ação revela que empresas clandestinas avançam em terras indígenas

Ibama flagra madeireiras ilegais no PA

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma operação realizada pelo Ibama, com apoio do Exército e da Polícia Rodoviária Federal, flagrou 28 empresas, entre madeireiras e serrarias, funcionando ilegalmente no nordeste do Pará.
A descoberta aponta para um novo alvo de atuação de madeireiros clandestinos, que nos últimos anos avançaram ao oeste do Estado, em direção à porção paraense da floresta Amazônica.
De acordo com o gerente-executivo do Ibama em Belém, Marcílio de Abreu Monteiro, todas as 28 empresas apresentaram irregularidades. A maioria delas cortava madeira extraída da Terra Indígena Alto Rio Guamá, uma área de 279.897 hectares, onde vivem os índios da etnia tembé, na fronteira com o Maranhão.
A operação foi deflagrada após uma série de denúncias, durou 12 dias -de 21 de março a 2 de abril- e vasculhou seis cidades, num raio de mil quilômetros quadrados na região de Piriá. Os municípios ficam, em média, 250 km distantes de Belém. A vistoria aérea foi feita com o uso de helicópteros do Exército para localizar rastros de devastação.
Das 28 empresas relacionadas, nove foram lacradas e 14 eram fantasmas. Funcionavam apenas para obter ATPF (Autorização para Transporte de Produto Florestal), um tipo de nota fiscal para escoar a madeira em tora. Outras nem sequer possuíam CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) ou recolhiam tributos.
O gerente-executivo do Ibama afirmou ainda que em algumas empresas os fiscais enfrentaram resistência para entrar e até chegaram a ser ameaçados de morte.
O relatório da operação, que lista 25 responsáveis pelas empresas, foi entregue ao Ministério Público Federal. O documento também relata as ameaças de morte aos servidores do Ibama.
As madeireiras e serrarias movimentariam, segundo o Ibama, ao menos R$ 2,1 milhões com as toras apreendidas. O órgão recolheu 7.000 metros cúbicos de madeira. Cada metro cúbico é comercializado em média a R$ 300.


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