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TERRA SEM LEI
Ação revela que empresas clandestinas avançam em terras indígenas
Ibama flagra madeireiras ilegais no PA
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma operação realizada pelo
Ibama, com apoio do Exército e
da Polícia Rodoviária Federal, flagrou 28 empresas, entre madeireiras e serrarias, funcionando ilegalmente no nordeste do Pará.
A descoberta aponta para um
novo alvo de atuação de madeireiros clandestinos, que nos últimos anos avançaram ao oeste do
Estado, em direção à porção paraense da floresta Amazônica.
De acordo com o gerente-executivo do Ibama em Belém, Marcílio de Abreu Monteiro, todas as
28 empresas apresentaram irregularidades. A maioria delas cortava madeira extraída da Terra
Indígena Alto Rio Guamá, uma
área de 279.897 hectares, onde vivem os índios da etnia tembé, na
fronteira com o Maranhão.
A operação foi deflagrada após
uma série de denúncias, durou 12
dias -de 21 de março a 2 de
abril- e vasculhou seis cidades,
num raio de mil quilômetros quadrados na região de Piriá. Os municípios ficam, em média, 250 km
distantes de Belém. A vistoria aérea foi feita com o uso de helicópteros do Exército para localizar
rastros de devastação.
Das 28 empresas relacionadas,
nove foram lacradas e 14 eram
fantasmas. Funcionavam apenas
para obter ATPF (Autorização
para Transporte de Produto Florestal), um tipo de nota fiscal para
escoar a madeira em tora. Outras
nem sequer possuíam CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) ou recolhiam tributos.
O gerente-executivo do Ibama
afirmou ainda que em algumas
empresas os fiscais enfrentaram
resistência para entrar e até chegaram a ser ameaçados de morte.
O relatório da operação, que lista 25 responsáveis pelas empresas, foi entregue ao Ministério Público Federal. O documento também relata as ameaças de morte
aos servidores do Ibama.
As madeireiras e serrarias movimentariam, segundo o Ibama,
ao menos R$ 2,1 milhões com as
toras apreendidas. O órgão recolheu 7.000 metros cúbicos de madeira. Cada metro cúbico é comercializado em média a R$ 300.
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