São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

São Paulo e Rio

A agência AP despachou ao mundo a frase em que o arcebispo do Rio, d. Eusébio Scheid, que no início chegou a ser citado como papável na Globo, declarou que Lula "não é católico, é caótico".
Ato contínuo, o arcebispo de São Paulo, d. Cláudio Hummes, caminhou ontem aos microfones do Jornal Nacional e demais, em Roma, para declarar que conhece Lula "desde que ele se fez um líder sindical" e que "ele é cristão a seu modo e católico a seu modo".
De forma mais significativa, diante de um d. Eusébio que "não quis dizer uma palavra", d. Cláudio acrescentou depois, sempre no JN:
- [Lula] tem comungado mais vezes comigo. Eu tenho mais vezes dado a comunhão para ele, sobretudo em 1º de maio, de forma que ele é católico para mim, como todos os outros católicos do Brasil.
D. Cláudio chegou a recordar, segundo a BBC Brasil, conversa que teve com João Paulo 2º há duas décadas, sobre os operários do ABC e da Polônia.
E assim, à direita e à esquerda, se evidenciou o racha na Igreja Católica, no Brasil como no mundo todo.
 
Enquanto os cardeais de São Paulo e Rio expunham suas diferenças para o globo, a BBC Brasil revelava que a Igreja Católica dos dois, no Brasil, não é nenhum modelo.
O site noticiou "com exclusividade" os dados do Escritório Central de Estatísticas da Igreja, indicando que "os batizados eram 90% da população em 1978 e passaram a 85,5% em 2003". No título:
- Vaticano admite que o catolicismo está perdendo espaço no Brasil.
 
As críticas de d. Eusébio Scheid à postura de Lula sobre o homossexualismo, entre outras, acompanhadas de seus elogios a Severino Cavalcanti, ativaram a revolta na web.
A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros soltou nota que correu os sites noticiosos. Dizia que "os claros sinais de que a sociedade vem respeitando a diversidade sexual", como na vitória de Jean no Big Brother, "parecem não sensibilizar pessoas como Severino e d. Eusébio".
Marcelo Tas, em seu blog no UOL, escreveu que "d. Eusébio continua dando show de baixaria para as câmeras", sublinhando que ele chegou a tratar Lula por "boboca".
Pedro Dória, no blog do Nomínimo, não gostou em especial de d. Eusébio dizer que "não foi fácil aceitar o arcebispado do Rio", deixando "Florianópolis, ilha de beleza e poesia". Reagiu o blogueiro carioca:
- Devolve bispo onde?

NO AR

NBC/Reprodução

D. Cláudio Hummes surgiu anteontem nos telejornais nacionais das redes americanas NBC, Nightly News, e ABC, World News Tonight, descrito como "o favorito da América Latina" e como "um crítico dos abusos contra os direitos humanos"

A MAIOR COBERTURA

- Vocês que sentem que a morte do papa foi o fato mais coberto na história não estão loucos.
Era o colunista de mídia do "Washington Post", mencionando levantamento do Global Language Monitor, também noticiado na CNN e no site da "BusinessWeek", entre outros. Segundo o Monitor, nas 24 horas seguintes à morte do papa, 35.000 textos sobre João Paulo 2º foram postados em sites noticiosos mundo afora -cerca de três vezes mais do que sobre o ataque ao World Trade Center, no mesmo período.
Já as citações genéricas ao papa na web, nos três dias seguintes à morte, chegaram a 5,6 milhões.

Luz
Os EUA não deixam esquecer a morte da freira Dorothy Stang. Em longa reportagem no "Los Angeles Times" de ontem, o enviado relatou as prisões feitas, mas se concentrou em brasileiros como Maria Joel da Costa -que, como Stang, são ameaçados de morte mas não deixam o Pará. No título:
- Uma luz brilha no Estado brasileiro que chamam de "o coração das trevas".

A maior chacina
No Estado do Rio, segue o esforço para levar a lei a outro "coração das trevas". Foi primeira manchete no JN:
- Localizado mais um carro usado na maior chacina do Rio. Dentro dele há pistas deixadas pelos assassinos.
Lentamente, a cobertura se volta para o massacre.

"Músculo"
No Haiti, "a crise continua". É o que diz editorial do "Washington Post", que faz comparações até com o Iraque. A força "tímida" da ONU, liderada pelo Brasil, não estaria mostrando "músculo" -e, para o jornal, "um envolvimento mais profundo dos EUA é inevitável".

Corrida
O "Miami Herald" entrevistou o secretário Donald Rumsfeld, que elogiou os países latino-americanos que "estão desenvolvendo relações construtivas uns com os outros", mas atacou a Espanha, que "erra" ao vender armas à Venezuela.
Em Madri, o "El País" deu que o governo anterior, na Espanha, vendeu armas às escondidas. Para a Colômbia.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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