São Paulo, quarta, 7 de maio de 1997.



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Empresário não confirma as acusações relatadas por Suplicy

LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local OSWALDO BUARIM JR. da Sucursal de Brasília O empresário Manoel Moreira não confirmou ontem que tenha dito ao senador Eduardo Suplicy (PT) que o ex-prefeito Paulo Maluf foi o "inventor" do esquema dos precatórios. Apesar de não confirmar, também não negou as declarações.
Segundo a Folha apurou, Moreira de fato fez as declarações, mas não as repete oficialmente pois reconhece que não pode comprová-las.
Anteontem, o empresário teve um encontro informal com os senadores Romeu Tuma (PFL-SP), Vilson Kleinubing (PFL-SC) e Suplicy na sede da Polícia Federal em São Paulo.
Após o encontro, Suplicy afirmou em entrevista que Moreira teria dito que o esquema de desvio de dinheiro dos precatórios "nasceu na Prefeitura de São Paulo".
Teria dito, também, que o dinheiro obtido com o lucro das operações era usado em campanhas eleitorais.
Questionado ontem sobre a veracidade das declarações atribuídas a ele por Suplicy, Moreira repetiu várias vezes: "Foi uma conversa informal. Quem a definiu melhor foi o senador Kleinubing".
O empresário se referia à entrevista dada pelo senador Kleinubing após deixar o prédio da PF. Ele afirmou que Moreira "não deu o nome de ninguém". "Ele apenas deu a entender que todas as operações nasceram em São Paulo, o que não é nenhuma novidade".
Ontem, a CPI dos Precatórios decidiu convocar Moreira para depor na próxima quarta-feira.
A assessoria de imprensa do ex-prefeito Paulo Maluf divulgou ontem nota afirmando que ele "nunca viu nem ouviu falar" de Manoel Moreira.
A nota ainda afirma que os advogados de Maluf vão interpelar Suplicy na Justiça "sobre sua atitude esquizofrênica em querer aparecer a qualquer preço diante das câmaras, nem que seja à custa de mentiras, calúnias e difamação".
Sobre a nota, Suplicy afirmou que o testemunho de Moreira "tem valor". "Ele foi convocado pela CPI para que os fatos sejam melhor apurados", completou.
De acordo com relato do senador, Moreira disse que lucros de corretagem obtidos com títulos públicos iam para o exterior por meio de doleiros e retornavam para uma caixinha na prefeitura.
A caixinha seria administrada pelo ex-secretário municipal Roberto Paulo Richter (Planejamento e Saúde) com a finalidade de pagar campanhas eleitorais.
A CPI e o BC descobriram a movimentação de R$ 750 milhões nas contas das empresas de Moreira no Beron (Banco do Estado de Rondônia) em São Paulo.
Moreira também teria dito que Wagner Ramos possui outra conta corrente no exterior, além da que já foi identificada pela CPI.
A Polícia Federal suspeita que a Sabra Factoring, a CMA Plastics e a CMA Importação e Exportação -todas de Moreira- sejam empresas fantasmas, criadas com a finalidade de promover a lavagem do dinheiro ganho no esquema de emissão e manipulação de preços de títulos públicos.
Relatório da CPI sobre as atividades de Moreira indicam que boa parte do dinheiro que movimentou no Beron era proveniente de corretoras investigadas pela CPI, como a Split (R$ 24 milhões, Negocial (R$ 15 milhões) e Perfil (R$ 5 milhões).



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