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Empresário não confirma as
acusações relatadas por Suplicy
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
OSWALDO BUARIM JR.
da Sucursal de Brasília
O empresário Manoel Moreira não
confirmou ontem que tenha dito
ao senador Eduardo Suplicy (PT)
que o ex-prefeito Paulo Maluf foi o
"inventor" do esquema dos precatórios. Apesar de não confirmar,
também não negou as declarações.
Segundo a Folha apurou, Moreira de fato fez as declarações, mas
não as repete oficialmente pois reconhece que não pode comprová-las.
Anteontem, o empresário teve
um encontro informal com os senadores Romeu Tuma (PFL-SP),
Vilson Kleinubing (PFL-SC) e Suplicy na sede da Polícia Federal em
São Paulo.
Após o encontro, Suplicy afirmou em entrevista que Moreira teria dito que o esquema de desvio
de dinheiro dos precatórios "nasceu na Prefeitura de São Paulo".
Teria dito, também, que o dinheiro obtido com o lucro das
operações era usado em campanhas eleitorais.
Questionado ontem sobre a veracidade das declarações atribuídas a ele por Suplicy, Moreira repetiu várias vezes: "Foi uma conversa informal. Quem a definiu
melhor foi o senador Kleinubing".
O empresário se referia à entrevista dada pelo senador Kleinubing após deixar o prédio da PF.
Ele afirmou que Moreira "não deu
o nome de ninguém". "Ele apenas
deu a entender que todas as operações nasceram em São Paulo, o
que não é nenhuma novidade".
Ontem, a CPI dos Precatórios
decidiu convocar Moreira para depor na próxima quarta-feira.
A assessoria de imprensa do
ex-prefeito Paulo Maluf divulgou
ontem nota afirmando que ele
"nunca viu nem ouviu falar" de
Manoel Moreira.
A nota ainda afirma que os advogados de Maluf vão interpelar Suplicy na Justiça "sobre sua atitude
esquizofrênica em querer aparecer
a qualquer preço diante das câmaras, nem que seja à custa de mentiras, calúnias e difamação".
Sobre a nota, Suplicy afirmou
que o testemunho de Moreira
"tem valor". "Ele foi convocado
pela CPI para que os fatos sejam
melhor apurados", completou.
De acordo com relato do senador, Moreira disse que lucros de
corretagem obtidos com títulos
públicos iam para o exterior por
meio de doleiros e retornavam para uma caixinha na prefeitura.
A caixinha seria administrada
pelo ex-secretário municipal Roberto Paulo Richter (Planejamento e Saúde) com a finalidade de pagar campanhas eleitorais.
A CPI e o BC descobriram a movimentação de R$ 750 milhões nas
contas das empresas de Moreira
no Beron (Banco do Estado de
Rondônia) em São Paulo.
Moreira também teria dito que
Wagner Ramos possui outra conta
corrente no exterior, além da que
já foi identificada pela CPI.
A Polícia Federal suspeita que a
Sabra Factoring, a CMA Plastics e a
CMA Importação e Exportação
-todas de Moreira- sejam empresas fantasmas, criadas com a finalidade de promover a lavagem
do dinheiro ganho no esquema de
emissão e manipulação de preços
de títulos públicos.
Relatório da CPI sobre as atividades de Moreira indicam que boa
parte do dinheiro que movimentou no Beron era proveniente de
corretoras investigadas pela CPI,
como a Split (R$ 24 milhões, Negocial (R$ 15 milhões) e Perfil (R$
5 milhões).
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