São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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MÁQUINA PARADA

Paralisação já compromete funcionamento de 18 unidades; outras 6 vão aderir ao movimento na segunda

Greve do Incra cresce e atinge mais 3 Estados

EDUARDO SCOLESE
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A greve dos servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) atingiu ontem mais três superintendências do órgão. Com isso, das 29 unidades espalhadas pelo país (uma em cada Estado, sendo duas em Pernambuco e duas no Pará), 18 já estão paradas e outras 6 decidiram fazer o mesmo na segunda.
A estimativa foi feita pelo Incra e pelas lideranças dos grevistas. Até a tarde de anteontem, funcionários de 15 superintendências haviam parado, enquanto os de outras 5 prometiam cruzar os braços na semana que vem. A greve começou no início da semana.
Dos 5.251 servidores do órgão, 4.739 estão lotados, além da sede em Brasília, nas 24 superintendências que já definiram pela greve, o que equivale a 90% do quadro. O Incra não tem uma estimativa da paralisação por unidade.
Até agora, só AP, ES, RN, RR e TO não sinalizaram por greve. Devem fazer assembléias somente na semana que vem. Ontem, o presidente do Incra, Rolf Hackbart, apresentou ao ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) um plano de carreira.
"Para nós é importante encaminhar imediatamente [um plano de carreira] para o fortalecimento do Incra. Nós precisamos deles [dos funcionários] para realizar o nosso Plano Nacional de Reforma Agrária", disse Hackbart.
Anteontem, o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) já havia afirmado que a greve "atrapalha" e cria "grandes dificuldades" para a execução da meta. Até dezembro, o governo promete assentar 115 mil famílias, sendo 47 mil até o final de junho. No primeiro trimestre, assentou 11 mil. No ano passado, Lula lançou uma meta de 60 mil famílias, mas só assentou 36 mil. Com a greve, a distribuição de cestas básicas às famílias acampadas também deve ser prejudicada.
Na próxima terça-feira, Hackbart e Rossetto se encontram com o ministro Guido Mantega (Planejamento) para tratar do plano de carreira do Incra. Além disso, os grevistas pedem a reestruturação da autarquia e a recomposição da força de trabalho.
Sobre reposição salarial, as discussões devem começar na semana que vem, ao lado de servidores de outros órgãos. Em princípio, querem que o salário para cargos de nível superior, em final de carreira, chegue a R$ 4.000. Hoje, está em R$ 1.800.
O governo deve encaminhar hoje ao Congresso um projeto de lei que estabelece uma gratificação de 30% referente ao desempenho dos funcionários, para os procuradores da Fazenda, carreiras de advogado da União, procurador federal e procuradores dos bancos Central e do Brasil.
O Ministério da Justiça informou, no início da noite de ontem, que a Justiça deu liminares que permitem o desconto dos dias parados dos grevistas da Polícia Federal em mais sete Estados -RJ, MG, AC, AM, GO, MA e TO. Já estava garantido o corte de ponto em três Estados -RN, PE e SP (a partir de junho)- e no DF.


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