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IMAGEM OFICIAL
Inserções na TV e no rádio citam IBGE para dizer que preço da gasolina caiu 5,9% sob Lula; órgão diz que subiu 0,49%
Propaganda do PT usa números errados
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO
Com variações do mote "isso é
fato, isso é verdade", o PT vem
veiculando dados incorretos nos
últimos dias para exaltar os resultados obtidos até aqui pelo governo Lula. O preço da gasolina, por
exemplo, não caiu 5,9% com dizia
um dos sete comerciais divulgados pelo partido no rádio e na televisão, mas subiu 0,49% entre janeiro de 2003 e março de 2004.
A Folha recorreu ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontado como fonte
da propaganda do PT. A coordenação de índices de preços do órgão apresentou números diferentes dos apresentados: os preços
aumentaram menos no governo
FHC (261,73% em vez dos 288%
citados pelo comercial) e não registraram queda no governo Lula.
Os números tampouco batem
no caso do gás de cozinha, objeto
de outro comercial. A propaganda fala em aumento de 2,2% no 15
primeiros meses de administração Lula. A fonte ainda seria o IBGE, segundo o comercial. O que
diz o IBGE: os preços do gás vendido em botijão aumentaram
6,8% desde a posse de Lula. Em
vez dos 420% de reajuste nos botijões nos oito anos de FHC divulgados, o IBGE registrou 563,09% .
A empresa do publicitário Duda
Mendonça, responsável pela propaganda petista, afirma que recebeu os dados do PT. Em documento à Folha, a assessoria de
Duda atribuiu o levantamento ao
Ministério das Minas e Energia.
Até o fechamento desta edição, a
assessoria do ministério não havia esclarecido como chegou aos
números que foram ao ar.
Na propaganda, aparece o crédito: "Fonte: IBGE/ Preços médios nas capitais do país". O IBGE
informou à Folha que não trabalha com preços médios de produtos nas capitais. A pedido do jornal, o instituto calculou a variação
de preços medida pelo IPCA, o
mesmo usado para calcular as
metas de inflação.
Na variação dos preços da cesta
básica em São Paulo, a Folha também verificou divergência entre
os dados da propaganda e os do
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), citado como
fonte. A assessoria do órgão informou que o custo da cesta básica
variou 5,2% nos primeiros quinze
meses. Para chegar ao resultado,
divide-se o custo da cesta de março 2004 (R$ 166,96) pelo de dezembro de 2002 (R$ 158,73). É
provável que o PT tenha tomado
por base o valor de janeiro de
2002 (R$ 162,79) para chegar à alta de 2,6% de que fala o comercial.
Nesse caso, segundo o Dieese, a
variação refere-se a 14 e não aos 15
meses sob Lula de que fala a peça.
Há pouco mais de um mês, uma
peça publicitária do governo foi
tirada do ar depois que a Folha revelou que elas continham imagens enganosas.
"Manipulação"
O aumento de preços da cesta
básica consta da lista de erros
apontados ontem pelo PSDB, por
meio de nota técnica. Em defesa
do desempenho do governo FHC,
o site tucano insistiu ontem em
que o custo da cesta básica em São
Paulo aumentou 22,85%, sim,
mas isso foi bem menos do que a
inflação do período. "O PT dá
uma de Josef Stálin e apaga da história registros de seus opositores,
como o ditador soviético fazia."
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