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DIREITOS HUMANOS
ONU questiona o Brasil sobre muro que cerca favela do Rio
DE GENEBRA
A ONU quer explicações
do governo brasileiro sobre
os muros que estão sendo
construídos no Rio de Janeiro para cercar favelas da zona sul da capital. Essa medida é motivo de uma das preocupações levantadas durante
a sabatina a que o país começou a ser submetido ontem
no Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
da organização.
A impunidade, a perseguição a ativistas de direitos humanos, a discriminação da
mulher e a omissão do governo em episódios de crimes
graves foram outros problemas lembrados pelos 18 peritos do comitê.
Um deles, o colombiano
Alvaro Tirado Mejia, questionou a construção dos muros em favelas do Rio para
conter o avanço de populações de baixa renda, que chamou de "discriminação geográfica". A pergunta ficou
sem resposta.
Chefe da delegação brasileira, o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial
de Direitos Humanos, prometeu estudar o assunto e
consultar o governo do Rio
de Janeiro antes de responder hoje à questão, no último
dia da sabatina.
No entanto, ele reconheceu que a medida não transmite uma imagem positiva.
"Um muro nunca é uma coisa boa", diz Vannuchi.
Outro perito, Ariranga Govindasamy Pillay, se disse
"perturbado" com a "cultura
da impunidade" que transparece dos relatórios que recebeu do governo e de organizações não governamentais sobre a precariedade do
sistema judiciário brasileiro.
As explicações longas e
sem dados concretos da delegação brasileira incomodaram alguns membros do comitê da ONU. O mais irritado
era o russo Yuri Kolovsov.
"Não estamos aqui para ouvir palestras nem aulas de
história", afirmou Kolovsov.
"Espero que amanhã [hoje]
tenhamos respostas mais
claras", completou ele.
(MARCELO NINIO)
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