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A FAVOR
Segundo Flávio Dino, gasto público teria reprovação ainda maior
Patrocínio a juízes é "normal", afirma líder de associação
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O juiz federal de Brasília Flávio
Dino, 32, que assume amanhã a
presidência da Ajufe (Associação
dos Juízes Federais do Brasil), disse que há pelo menos 20 anos associações de classe da magistratura promovem eventos com dinheiro de empresas.
Ele afirmou que as principais
patrocinadoras de viagens de juízes são a CEF (Caixa Econômica
Federal), o Banco do Brasil, a Embratel e companhias aéreas. Todas essas empresas têm inúmeras
causas na Justiça.
Em entrevista à Folha, Dino defendeu a possibilidade de empresas públicas ou privadas pagarem
viagens de magistrados. Afirmou
que o uso de recursos públicos seria ainda mais polêmico.
Ele disse que o fato não interfere
nas decisões de processos, citando exemplo da CEF, que vem perdendo a batalha sobre a correção
dos saldos de FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço)
de antigos planos econômicos.
Segundo Dino, as associações
de magistrados não poderiam selecionar apenas patrocinadoras
sem demandas judiciais porque
todas as grandes empresas brasileiras têm causas na Justiça. A seguir, os principais trechos da entrevista, concedida ontem.
Folha - O sr. concorda com o fato
de empresas privadas terem pago
as despesas de viagens de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do STJ (Superior Tribunal
de Justiça)?
Flávio Dino - A viagem foi organizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros. A Ericsson e
a Nortel não a ofereceram no gabinete de cada um dos ministros.
Isso é que não seria aceitável.
O financiamento de congressos
por empresas é um fato absolutamente normal e acontece há pelo
menos duas décadas. Os principais financiadores são a CEF (Caixa Econômica Federal), o Banco
do Brasil, a Embratel e companhias aéreas. A Ajufe não costuma buscar esse patrocínio, mas
não me oponho a ele.
Folha - Isso não compromete a
isenção do juiz no julgamento de
causas de interesse das empresas?
Dino - Não. A Caixa já financiou
vários eventos da Justiça Federal,
mas perde em quase todas as causas que tramitam. É excessivo
achar que (a viagem para o evento) vai subordinar o julgamento.
Folha - As associações de classe
não deveriam evitar pelo menos
que as viagens fossem pagas por
empresas com demandas judiciais?
Dino - Todas as empresas do país
têm demandas no Judiciário. Se as
despesas fossem custeadas pelo
erário, haveria uma reprovação
ainda maior. Os eventos promovidos pelos Poderes Legislativo e
Executivo também são financiados por empresas.
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